22/02/24

Análise da Semana - 12 a 16 de Fevereiro de 2024

EUA importam mais do México do que da China pela primeira vez em 20 anos. Os economistas dizem que a diminuição relativa do comércio com a China está claramente ligada às tarifas impostas pelo Governo Trump e depois mantidas pelo governo Biden. Anos de tensão entre os dois países prejudicaram o relacionamento comercial entre os dois países. A invasão da Ucrânia pela Rússia também agravou a situação, levando os Estados Unidos e seus aliados a imporem sanções rigorosas e a remodelarem ainda mais as relações comerciais globais.

O CPI, índice de preços ao consumidor, americano ficou acima das expectativas em todas as bases comparativas. O índice teve uma alta de 0,3% m/m em janeiro, ficando acima dos 0,2% m/m projetados e de mesma magnitude do mês anterior. Na comparação anual, a inflação ficou em 3,1%, representando uma desaceleração em relação aos 3,4% a/a registrados em dezembro, mas, por outro lado, também ficou acima do esperado pelo consenso. O núcleo, por sua vez, teve uma alta mensal de 0,4% enquanto o mercado esperava uma variação de 0,3% m/m. Essa alta acima do esperado está relacionada com o índice de habitação e de alimentos.

O índice de preços ao produtor, PPI, dos EUA subiu 0,3% m/m em janeiro, ficando acima do consenso de alta de 0,1% m/m. Na comparação anual o índice de preços teve uma variação de 0,9%. O núcleo apresentou alta de 0,3% m/m, enquanto esperava-se alta de 0,1% m/m. A alta do período é explicada pelo aumento nos preços do setor de serviços, que cresceu 0,6% m/m enquanto o setor de bens de consumo teve uma deflação de 0,2% m/m. Com dos dados de inflação acima do esperado, a probabilidade de um corte de 25 bps na taxa de juros americana em março está em 10,5% segundo o CME e a chance de redução dos juros em maio agora está em 32,7%. Dessa forma, agora o mercado está falando de um início de corte apenas em junho, com probabilidade de 51,6%.

O Japão perdeu o posto de terceira maior economia do mundo para a Alemanha. O PIB do país teve uma queda de 0,4% anualizada no período de outubro a dezembro, surpreendendo negativamente o mercado que esperava um aumento de 1,1% do produto no período. Tendo em vista que o país já havia registrado uma queda anualizada de 3,3% no trimestre anterior, o país está em recessão técnica. Com essa leitura, foi anunciado que o PIB cresceu 1,9% em 2023.

Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, reduz posição de Apple. Vendeu cerca de 1% de suas ações da empresa no final de 2023, ficando com uma participação de 5,9%. Pode ser apenas a redução que acabou ficando relevante demais em função do rally das ações. Alguns analistas rebaixaram as ações da Apple em função do declínio das vendas na China e preocupações relacionadas a perspectiva de crescimento da empresa. Recentemente Buffet elogiou a Apple, afirmando ser a melhor empesa que possuíam no portfólio.

O primeiro trimestre fiscal de 2024 da Deere & Co apresentou queda nos números operacionais. O EPS marcou US$ 6,23 por ação, representando uma queda de 4,9% a/a, mas 18,4% maior que as expectativas da FactSet. A receita foi de US$ 10,4 bilhões frente aos US$ 11,4 bilhões do último ano. O lucro líquido caiu 11% a/a e ficou em US$ 1,75 bilhão, com guidance anual do ano fiscal de 2024 caindo de US$ 8 bilhões para US$ 7,6 bilhões, além do EPS de 2024 ter caído para US$ 21 enquanto Wall Street esperava US$ 23 por ação. Por mais que a empresa tenha ficado acima das expectativas para esse período, as previsões são de que em 2024 a agricultura esteja em ciclo de baixa, impactando negativamente as vendas da Deere.

A Nvidia mostrou que teve um 4T23 acima das expectativas do mercado. As receitas da empresa apresentaram um significativo crescimento na base trimestral, assim como se esperava. A receita do trimestre foi de US$ 22,1 bilhões, alta de 22% t/t e 265% a/a, enquanto a receita total de 2024 somou US$ 60,9 bilhões e cresceu 126%.  

Brasil

Raízen mostrou bons números operacionais no 4T23. Os créditos fiscais tiveram um impacto de R$ 3,7 bilhões no total devido à nova Lei Complementar 192. A receita líquida da empresa somou R$ 58,5 bilhões, 3,1% menor na base anual e abaixo da expectativa do mercado, refletindo as reduções no preço de seus produtos. Já o Ebitda ajustado surpreendeu positivamente ao crescer 32,5% a/a e ficou no valor de R$ 3,9 bilhões. O grande destaque do trimestre foi o desempenho operacional, com uma alta tanto na produção de cana-de-açúcar quanto em etanol. O lucro líquido subiu 195% no ano-safra 2023/2024 e atingiu R$ 754,4 milhões, impulsionado pelo forte desempenho operacional que foi capaz de superar o resultado financeiro negativo no período.

 Mercados

Nessa semana de agenda internacional agitada, os mercados globais apresentaram certa volatilidade e uma performance mista. Dentre esse calendário econômico agitado, as vendas do varejo americano, inflação tanto ao consumidor (CPI) quanto ao produtor (PPI) e dados positivos de consumo na China foram os principais drivers de preço. No Brasil, cronograma esvaziado e liquidez reduzida dado feriado nacional de Carnaval.

 Conforme já citado, o CPI dos EUA surpreendeu negativamente e demonstrou que a luta pelo arrefecimento da inflação continua. Assim, viu-se mais uma vez um ajuste nas expectativas do mercado em relação ao início dos possíveis cortes de juros pelo Fed. Ademais, mesmo que as vendas no varejo americano tenham arrefecido, o PPI divulgado nessa sexta-feira também abalou o mercado. Bem fiel nessa balança de clarificação da trajetória inflacionária mais recente, o número reiterou a persistência do fenômeno. Dito isso, a curva americana fechou a semana demonstrando uma probabilidade implícita de corte de juros em maio de 31%. Vale relembrar que esse mesmo número para maio era de 52% na semana passada. Agora, é possível observar investidores postergando suas apostas para junho, uma vez que essa probabilidade saltou de 41% para 52%, nesse mesmo intervalo em questão. Partindo dessa leitura mais pessimista, os yields dos títulos americanos apresentaram forte alta por toda curva, as bolsas americanas reagiram negativamente e o dólar se valorizou contra uma cesta de moedas (DXY).

Dentre o noticiário corporativo, o destaque fica para a visão do Itaú BBA sobre a bolsa brasileira, que acredita estar “oversold”. Depois de um forte rally visto no Ibovespa e nos mercados gerais no final do ano passado, o índice brasileiro vem sofrendo uma correção nesse começo de 2024. Mas para o Itaú BBA, essa queda não deve ter forças para reverter a tendência de alta de longo prazo da bolsa brasileira. Segundo o banco, o principal motivo se sustenta em uma realização de lucros de investidores focados em mercados emergentes e que haviam entrado com grandes posições no final do ano. No geral, o Itaú alegou que 73% das ações estão negociando abaixo do seu preço médio dos últimos 42 pregões e o índice está atualmente perto da sua zona neutra, apenas conseguindo se manter nesses patamares em função do desempenho de alguns papéis com grande peso na cesta, como por exemplo Petrobras, Banco do Brasil, Itaú, entre outros. O Bank of America também reportou alguns indicadores sobre o mercado brasileiro sugerindo um desconto de 10% no índice em relação à sua média histórica (excluindo commodities). Mas, apesar dos sinais de que a bolsa está de fato barata, analista do BBA acredita que “ainda precisa haver algum trigger para ter um call de maior convicção para o mercado”. Uma nova revisão de lucros das empresas poderia mudar essa percepção e dar um embasamento fundamentalista a tese.

No Brasil, dólar ganhou força contra o real e DIs futuros estressaram em média 6 bps, com maior destaque no miolo da curva. Com vencimento de opções sobre o índice e otimismo acerca da demanda chinesa por metais, o Ibovespa acumulou uma leve alta de 0,5% e fechou a volta do carnaval aos 128.725 pontos.

Por fim, mesmo com um mercado brasileiro fechado por praticamente metade da semana, viu-se bastante movimentação no escopo internacional. A contribuição asiática ao apetite ao risco oriunda de dados positivos do consumo Chinês se diluiu com as novas atualizações sobre a trajetória inflacionária americana, o que por parte, gerou essa volatilidade vista na semana. Deve-se considerar também que as tensões políticas no oriente médio e os spreads atuais de refino do petróleo na Europa devem pressionar o preço do barril, reacendendo mais preocupações sobre o impacto desse fenômeno no combate à inflação vigente.

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