26/06/24

Análise da Semana - 17 a 21 de Junho de 2024

As vendas no varejo americano subiram 0,1% m/m em maio, depois de registrar queda em abril. A leitura foi abaixo dos 0,3% m/m esperados pelo consenso. Em relação ao mesmo período do ano passado, o volume de vendas teve uma variação de 2,3%. A produção industrial, por sua vez, registrou um crescimento de 0,9% m/m, bastante acima da expectativa de aumento de 0,4% m/m na produção. Os ganhos na produção foram generalizados, com destaque o índice de bens de consumo. A capacidade utilizada pela indústria também subiu, de 78,2% para 78,7%, apesar de continuar 0,9 p.p abaixo da média de longo prazo.

O PMI composto americano atingiu sua máxima dos últimos 26 meses, atingindo 54,6 pontos em junho e ficando acima das expectativas de 53,5 pontos, indicando que a atividade americana continua em nível expansionista. O resultado pode ser explicado pela recuperação no nível de emprego, apesar das pressões dos preços terem diminuído, transmitindo esperança de que a desaceleração da inflação observada recentemente seja sustentável. Tanto o PMI de serviços quanto de manufatura contribuíram positivamente para o índice composto da atividade. Dessa forma, pode-se dizer que a economia americana encerrou o 2T24 de forma sólida.

O CPI anualizado da zona do euro acelerou de 2,4% em abril para 2,6% em maio e, um ano antes, o índice registrava uma alta anual de 6,1%. Na comparação mensal o índice de preços teve um aumento de 0,2%. Assim, ambos os dados ficaram em linha com a estimativa do mercado. A variação nos preços dos serviços foram as principais contribuições para a alta no período, junto dos preços de alimentos, álcool e tabaco. O núcleo da inflação teve uma variação mensal de 0,4% m/m, também representando uma desaceleração em relação a abril.

O PMI composto da zona do euro caiu em junho, saindo de 52,2 para 50,8 pontos, o menor nível dos últimos três meses, mas ainda em patamar expansionista. A leitura ficou aquém das expectativas dos analistas, que previam um resultado de 52,5 pontos, ou seja, um aumento em relação a maio. Setorialmente, o PMI industrial apresentou um recuo de 47,3 pontos em maio para 45,6 pontos em junho, representando o menor patamar em seis meses, também ficando abaixo do esperado. O PMI de serviços teve o mesmo comportamento, caindo de 53,2 pontos em maio para 52,6 pontos em junho, abaixo das expectativas.

 

Brasil

 A reunião do Copom dessa semana comunicou a manutenção da taxa Selic, conforme o esperado. A maior relevância da decisão foi o fato de ela ter sido unânime, ao contrário do que aconteceu na última, trazendo credibilidade ao comitê. Os diretores do BC esclareceram que a divergência da reunião de maio foi em torno do custo do fim dos forward guidances, mas que as análises da conjuntura dos membros eram convergentes. O Banco Central mudou a projeção do IPCA de 2025 de 3,3% para 3,4%, considerando a trajetória do juros apresentada pelo relatório Focus, que está em 9,5%. Entretanto, vale ressaltar que o comitê apresentou um cenário alternativo em que a taxa se mantém inalterada até o final do ano que vem, o IPCA deste ano sairá de 3,4% para 3,1%. Além disso, o comitê afirmou que a política monetária se manterá contracionista por tempo suficiente “em patamar” que consolide o processo de desinflação e ancoragem das expectativas. O BC não se referiu necessariamente ao patamar atual da taxa de juros, mostrando que outra taxa de juros pode ser suficiente para o controle das expectativas. De qualquer forma, não acreditamos que haverá mais algum corte de juros ainda esse ano, tendo em vista o mercado de trabalho mais aquecido do que o esperado e a falta de visão sobre os próximos passos do Fed.

 

Mercados

Apesar de alta de 1,40% no Ibovespa durante a semana, a percepção de risco no mercado brasileiro permanece elevada. O índice foi impulsionado pela recuperação de alguns setores, apesar da aversão ao risco Brasil dos investidores estrangeiros, que continuam apostando contra o real. Apesar dos ativos brasileiros estarem atrativos em termos de preço, a incerteza persiste, impedindo uma recuperação sustentável. A falta de clareza sobre as políticas fiscais do governo é um fator que mantém a confiança do investidor em baixa.

 O dólar registrou alta de 1,02% durante a semana, chegando a R$5,48 na quarta-feira (19/06), o maior valor desde julho de 2022. A valorização foi acelerada por declarações do presidente Lula criticando a manutenção da taxa Selic pelo Copom, o que aumentou a busca por segurança na moeda americana. O cenário reflete a instabilidade econômica e política no Brasil, agravando a desvalorização do real. Esse movimento também sugere uma preocupação crescente com a capacidade do governo de implementar reformas estruturais.

 As ações de varejistas e construtoras apresentaram forte volatilidade após a decisão do Copom. Inicialmente, essas ações se beneficiaram da expectativa de redução dos juros futuros, mas comentários do presidente Lula criticando a decisão unânime reverteram os ganhos. Empresas como Lojas Renner (LREN3 -4,50%), Magazine Luiza (MGLU3 -5,33%), GPA (PCAR3 -3,63%) e MRV (MRVE3 -3,21%) registraram perdas na semana, ponderando a sensibilidade do mercado às sinalizações políticas. A reação negativa destaca a falta de confiança nas políticas econômicas do governo, devido principalmente, a questão da sucessão da presidência do BC.

 O petróleo fechou a semana em alta, com o Brent subindo 3,18% a US$ 85,24 por barril. A alta foi impulsionada pela redução de 2,5 milhões de barris nos estoques de petróleo dos EUA e pela expectativa de aumento na demanda durante a temporada de viagens. Tais fatores, juntamente com tensões geopolíticas no Oriente Médio, contribuíram com a elevação nos preços.

 A economia dos EUA surpreendeu com resiliência, refletida nos PMIs acima das expectativas. O PMI Industrial foi de 51,7 e o PMI de Serviços atingiu 55,1, resultando em um PMI Composto de 54,6, o maior em 26 meses. Esse desempenho impulsionou os yields dos títulos de dívida de longo prazo, com o Tesouro de 10 anos a 4,24%, e causou variações no índice Dólar (DXY) e na taxa de câmbio com o Real. A reação dos principais índices de ações foi neutra. A economia americana mostra resiliência, aumentando a incerteza sobre a evolução da inflação e das taxas de juros do FED.

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