Global
Foi divulgada a ata da reunião do FOMC de junho, sinalizando que parte do comitê ainda tem cautela em relação ao cenário da inflação a frente, enquanto o restante passa a observar mais a dinâmica do mercado de trabalho. Ainda assim, o comunicado corroborou com a ideia de retomada do progresso na redução da inflação por mais que ainda esteja elevada em alguns setores. Serviços, habitação e preços de importação são os principais pontos de cautela e possível pressão inflacionária. Sobre a política monetária, o FOMC sintetizou os próximos passos como um equilíbrio entre flexibilidade e responsividade. A flexibilidade na taxa de juros deverá ocorrer somente após uma aproximação da inflação a 2%, valor de sua meta.
O PMI de serviços americano registrou o nível mais baixo em quatro anos em junho de 48,8 pontos, segundo o ISM, ficando abaixo dos 52,7 pontos esperados e 53,3 pontos da leitura do mês anterior. Esse resultado foi proveniente de uma forte queda nas encomendas, indicando uma perda de ímpeto na economia americana no final do 2T24. O PMI manufatureiro também sofreu contração pelo terceiro mês consecutivo, caindo de 48,7 pontos para 48,5, enquanto a expectativa era de um aumento para 49,1, pressionado pela diminuição da demanda por bens. Dessa forma, ambos os setores se encontram em patamar de contracionista, abaixo de 50 pontos.
O payroll de junho mostrou que foram criadas 206 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola nos EUA, ficando acima das 190 mil vagas estimadas pelo consenso. Assim, a taxa de desemprego no país ficou em 4,1%, representando um leve aumento em relação a taxa de 4% registrada em maio, além de ficar acima da expectativa de manutenção. Além disso, o salário médio por hora aumentou 0,3% m/m, acumulando uma alta de 3,9% nos últimos 12 meses. Essa leitura mostra que o mercado de trabalho americano segue aquecido e, mesmo com sinais de desaceleração de inflação, o consumo no país deve se manter robusto, indicando viés altista para os preços.
O CPI da zona do euro subiu 0,2% m/m em junho, variação de mesma magnitude em relação a leitura do mês anterior. Dessa forma, observamos uma desaceleração da taxa anualizada, de 2,6% para 2,5%. Essa leitura ficou em linha do esperado pelo consenso. O núcleo, por sua vez, subiu 0,3% m/m e, na leitura anualizada, se manteve com uma variação de 2,9%. A principal contribuição para a inflação foi proveniente dos serviços, seguidos de alimentação, álcool e tabaco.
Brasil
O PMI composto de junho, que consolida dados da indústria e de serviços, saiu de 54 para 54,1 pontos em um mês. A leitura mostra que o ritmo de expansão de novos pedidos está no nível mais baixo dos últimos 5 meses, tanto no setor industrial quanto no de serviços. Mesmo assim, a taxa de crescimento ficou acima da média de longo prazo. O setor de serviços continuou em patamar expansionista, acima dos 50 pontos, porém apresentou um leve recuo, de 55,3 para 54,8, causado por pressões de custos que atingiram um pico dos últimos oito meses tendo em vista especialmente as enchentes no Rio Grande do Sul. O setor industrial, por sua vez, teve uma ligeira aceleração, que foi parcialmente contida pelo aumento nas pressões de custos e pela fraqueza do real, subindo para 52,2 pontos contra 52,1 registrados em maio. O crescimento no setor foi sustentado pela eliminação de pedidos em atraso, além da melhora de demanda de alguns bens Apesar de esse representar o sexto aumento seguido, a taxa de expansão foi a mais fraca desse período.
Mercados
Apesar da liquidez limitada no final da semana, pelo feriado americano, o Ibovespa encerrou o pregão de sexta-feira em alta pela quarta vez consecutiva, acumulando uma alta de 1,90% na semana, chegando aos 126.267 pontos. Sem novidades significativas no cenário doméstico, o mercado focou no cenário fiscal, influenciado pelas declarações do presidente Lula e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que reafirmaram o compromisso com a responsabilidade fiscal, social e ambiental. Esse posicionamento contribuiu para um alívio nas tensões do mercado, resultando no fechamento da curva de juros brasileira e beneficiando as ações cíclicas, mais sensíveis às variações nos juros.
Dólar apresentou alta volatilidade durante a semana, atingindo um pico de R$ 5,70. No meio da semana, a suavização do discurso presidencial e sinais de compromisso fiscal do governo brasileiro, como possíveis cortes no orçamento e congelamento de gastos, influenciaram uma queda temporária da moeda. Apesar da elevação dos prêmios de risco devido à percepção de risco fiscal, a recuperação dos ativos brasileiros e a queda nas taxas de juros futuras trouxeram um alívio temporário, fazendo com que a moeda fechasse a semana a R$5,47. No entanto, a incerteza global e a possibilidade de novos aumentos na Selic mantêm o mercado cauteloso.
Os contratos futuros de minério de ferro tiveram alta nesta semana. Mesmo com a realização de lucros e a queda na produção, o mercado se manteve otimista devido à possibilidade de novos estímulos econômicos na China. Analistas indicam que, após a terceira plenária de julho, o mercado pode sofrer pressão de baixa, criando oportunidades estratégicas para investidores que acompanham as políticas chinesas.
As principais bolsas europeias operaram em alta, impulsionadas pela vitória histórica do Partido Trabalhista no Reino Unido e o bom desempenho das ações de tecnologia. O índice FTSE 100 de Londres subiu 1,01% durante a semana, com destaque para ações do setor imobiliário, que avançaram entre 2,5% e 4% devido à promessa trabalhista de acelerar a construção de moradias. O índice pan-europeu Stoxx 600 teve alta de 0,54%, com o subíndice de tecnologia crescendo 1,2%, liderado pela Aixtron (AIXA +20,39%) após fortes resultados e estimativas positivas da Samsung.
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