Global
O PCE dos EUA, índice de preços gastos com consumo e o preferido do Fed, ficou estável em maio quando comparado a abril. Essa leitura mostrou desaceleração em relação as últimas leituras, que vinham mostrando altas de 0,3% m/m desde fevereiro. O dado ficou em linha com as expectativas dos analistas. O núcleo do PCE teve uma alta de 0,1% m/m, também de acordo com o esperado pelo mercado. Essa desaceleração, apesar de em linha com as expectativas, pode ser um sinal de que o processo de combate à inflação está progredindo. Apesar do FOMC sempre deixar claro que um único dado benigno não seja suficiente para alterar os planos do comitê, a falta de surpresa desse dado alimenta esperanças de que haja espaço para cortes na taxa básica de juros.
Brasil
A ata do Copom apresentou um tom mais ameno em relação as variáveis estruturais da economia brasileira, apesar de ainda se mostrarem preocupados com a força do mercado de trabalho. Na ata, o comitê revisou o hiato do produto que na última avaliação se encontrava levemente negativa e agora está em torno da neutralidade. Além disso, elevaram a hipótese de taxa de juros real neutra para 4,75%, apesar de ter avaliações de cenários com taxa neutra entre 4,5% e 5%. Essa hipótese foi considerada dovish tendo em vista que o mercado já estimava essa variável entre 5% e 5,5%. O cenário base da trajetória da Selic continua sendo 10,50% até o final do ano, por mais que uma visão mais clara do ciclo de corte de juros pelo Fed e o enfraquecimento do mercado de trabalho no Brasil possam mudar essa atual precificação na curva de juros, que conta com um ciclo de alta ainda esse ano apesar de acreditarmos que a probabilidade é baixa.
O IPCA-15, prévia da inflação oficial do país, apresentou uma alta de 0,39% m/m em junho, ficando abaixo das expectativas de 0,43% m/m do mercado. Vale ressaltar que esse dado representa uma desaceleração em relação a leitura de maio, que registrou uma alta de 0,44%. O grupo que teve maior influência no dado foi o de alimentação e bebidas, que contribuiu com 0,21 ponto percentual. Nos últimos 12 meses, o índice acumula uma alta de 4,06%, também ficando abaixo das expectativas que eram de 4,10%.
Foram abertas 131.811 vagas formais de trabalho no Brasil em maio, segundo dados divulgados pelo Caged. Esse dado veio abaixo das 200 mil vagas esperadas pelo mercado. Os cinco grandes grupos de atividades tiveram saldo positivo, com destaque para o setor de serviço. Assim, a quantidade total de vínculos celetistas chegou a 46,6 milhões de vínculos em maio, uma variação de 0,28% m/m. No acumulado desse ano o saldo de emprego é positivo em 1,1 milhão de empregos.
Segundo o Pnad, a taxa de desemprego no Brasil atingiu o menor nível da série histórica, totalizando 7,1% no trimestre móvel encerrado em maio. Esse resultado foi abaixo da expectativa do mercado, que esperava um desemprego de 7,3% no período. O cenário do mercado de trabalho segue apontando que o PIB do país deve ter um crescimento acima do esperado no ano, já que o nível de emprego sustenta o consumo das famílias e serviços.
Mercados
O índice Ibovespa registrou uma recuperação ao longo da semana, subindo 2,11% e atingindo 123.906 pontos. O desempenho foi impulsionado principalmente pelas grandes empresas do setor de commodities, como a Petrobras e a Vale, que tiveram altas de 2,89% e 3,28%, respectivamente. Mesmo com as oscilações nos preços das commodities globais, essas empresas, que possuem relevância na composição do índice, contribuíram significativamente para a alta. O mercado brasileiro continua sensível às notícias macroeconômicas internacionais, especialmente aos indicadores de inflação nos EUA e às decisões do Fed. A capacidade das grandes empresas de commodities de impulsionar o índice demonstra a força desses setores na economia nacional. No entanto, a dependência de fatores externos indica que a trajetória de crescimento do mercado brasileiro ainda é incerta e requer cautela.
O dólar continuou sua trajetória de alta, atingindo R$ 5,59, o maior patamar de fechamento desde 2022. Este movimento é resultado da expectativa de que o Federal Reserve (Fed) dos EUA mantenha as taxas de juros elevadas por mais tempo, diminuindo a atratividade de mercados emergentes como o Brasil. Domesticamente, a mudança na meta fiscal de 2025 para déficit zero e as dificuldades do governo em promover cortes de gastos têm pressionado o câmbio, curvas de juros e ativos reais.
A geopolítica segue impactando o mercado global de petróleo. As tensões crescentes entre Israel e Hezbollah no Líbano elevaram os preços do petróleo Brent e West Texas Intermediate (WTI). O aumento dos estoques de petróleo e gasolina nos Estados Unidos limitou o aumento dos preços, mas a preocupação com a oferta global da commodity persiste. No Brasil, a greve do Ibama resultou em uma redução significativa na produção de petróleo, atingindo uma perda de 200 mil barris por dia. A disputa entre o Ibama e o governo, centrada em questões salariais e condições de trabalho, tem atrasado a emissão de licenças, afetando campos importantes como Mero e Búzios.
Nos Estados Unidos, mercado reage ao índice de preços de gastos com consumo (PCE), métrica ficou estável em maio, desacelerando em relação ao mês anterior. A renda pessoal dos americanos aumentou, e os gastos com consumo registraram uma leve alta. Esse cenário positivo, juntamente com a expectativa de uma inflação mais controlada, impulsionou os índices S&P 500 e Nasdaq, que atingiram novos recordes históricos intraday durante a semana. O sentimento do consumidor também melhorou, sugerindo que a inflação americana está se aproximando da meta de 2% do Fed.
A semana na Zona do Euro foi marcada pela divulgação dos PMIs de junho, que mostraram queda tanto na Manufatura (de 47,3 para 45,6 pontos) quanto nos Serviços (de 53,2 para 52,6 pontos). Esses recuos refletem a incerteza política, especialmente na França e Alemanha, e os impactos das enchentes na Alemanha. Durante a semana, a agenda macroeconômica foi mais leve, com destaque para os dados de desemprego na Alemanha, esperados para manter-se em 6,0% pelo quarto mês consecutivo. No Reino Unido, a principal notícia foi a decisão do Banco da Inglaterra (BoE) de manter a taxa de juros em 5,25% ao ano, apesar de dois membros votarem por um corte de 25 pontos-base. A decisão foi influenciada pelo resultado do CPI de maio.
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