14/07/23

Análise da Semana - 10 a 14 de Julho de 2023

O CPI de junho, inflação ao consumidor americana, subiu 0,2% m/m. No acumulado de 12 meses, a inflação desacelerou de 4% para 3%. A variação ficou abaixo do estimado pelo consenso Refinitiv que esperavam um aumento de 0,3% m/m e 3,1% em 12 meses. Além disso, o núcleo da inflação também foi de 0,2% m/m, de forma que o acumulado saísse de 5,3% em abril para 4,8%. De maneira geral, o principal vetor altista da leitura foi o grupo de habitação.

Já o PPI, índice de preço ao produtor dos EUA, de junho apresentou desaceleração. A leitura mostrou uma variação de 0,1% m/m, 0,1 ponto percentual abaixo do esperado pelo mercado. Essa variação pode ser explicada principalmente pelos preços de serviços e de energia. O núcleo também teve uma variação positiva de 0,1% /m/m, enquanto na comparação anual observamos um aumento de 2,6% a/a. O dado foi um sinal de que a inflação americana está indo em direção a meta de 2%. Essa leitura junto do CPI nos mostra uma melhora qualitativa da inflação, corroborando com a ideia de que o Fed deve subir a taxa de juros em 25 bps pela última vez em julho antes de finalmente acabar o ciclo de alta.

O JP Morgan estreou a temporada de resultados do 2T23 nos EUA com números muito acima do esperado, seguido por Wells Fargo e Citigroup. O JP Morgan adquiriu o First Republic Bank em maio, e com isso apresentou uma margem de lucro satisfatório de 67%, no valor de $14,5 bilhões. Sua receita cresceu 34% no período, ficando em $41,3 bilhões, com $21,9 bilhões de receita de juros, que aumentou em 44% no período. O Wells Fargo também teve números bons, com uma receita de $20,5 bilhões, acima do consenso, puxada pela receita de juros que ficou em $13,2 bilhões, enquanto a expectativa era de $12,8 bilhões. O Citigroup superou o consenso, mas não foi o bastante para deixar o mercado entusiasmado. O lucro de $2,9 bilhões caiu 36% a.a., enquanto a receita de $19,44 bilhões caiu 1%.

Brasil

O IPCA apresentou uma deflação de 0,08% m/m em junho, algo que não ocorria desde setembro de 2022. Com essa leitura, o índice acumula nos últimos 12 meses alta de 3,2%, ou seja, abaixo do centro da meta inflacionária e 3,25% para 2023. Essa leitura ainda foi um pouco acima dos -0,1% m/m esperado pelo consenso. Desde o início do ano, o IPCA vem diminuindo. Os setores que tiveram a maior deflação foram alimentos e bebidas (-0,7%), seguidos por transportes (-0,4%). Mais especificamente, o grupo de transportes foi afetado pela queda nos preços de novos automóveis e dos combustíveis, o grupo de alimentação e bebidas foi puxado pela alimentação no domicílio.

O volume de serviços apresentou um crescimento de 0,9% m/m em maio depois de ter apresentado um recuo no mês anterior. Com isso, o setor está 11,5% acima do nível pré-pandemia e 2% mais baixo do que o pico da série histórica em dezembro de 2022. Além disso, o acumulado do ano apresenta uma alta de 4,8%. Observamos difusão na leitura, com quatro das cinco atividades pesquisadas apresentaram alta na comparação mensal, com destaque para o setor de transportes, sérvios prestados à família e outros serviços.

O volume de vendas no varejo no Brasil apresentou uma queda de 1% m/m em maio, assim como na comparação anual que observamos uma queda de 1%. Dessa forma, o acumulado do ano é de um aumento de 1,3%. A leitura foi acima do esperado pelo consenso, que projetava estabilidade em relação ao mês anterior. Setorialmente, metade das atividades analisadas tiveram uma queda de volume enquanto a outra metade aumentou. O destaque vai para o setor de hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, o qual sofreu um recuo de 3,2% m/m no período depois de ter apresentado uma expansão de 3,6% m/m em abril.

 Mercados

Nessa semana, os principais índices americanos e brasileiros se mantiveram no campo positivo, repercutindo uma melhora na margem do cenário inflacionário e começo da temporada de resultados do segundo trimestre do ano nos EUA, um termômetro do desempenho da economia frente à um espectro de juros altos e inflação resiliente. No âmbito internacional, índice de preços ao consumidor (CPI), ao produtor (PPI) e resultado corporativo de grandes bancos foram os principais drivers de preço. No Brasil, investidores atentos ao IPCA de junho, vendas no varejo e discussões acerca de possíveis alterações no marco do saneamento.

Por mais que o IPCA de junho tenha apresentado uma deflação mensal e o Ibovespa tenha reagido positivamente, ainda vemos uma resiliência no setor de serviços da economia brasileira. Dito isso, o mercado passou a precificar um corte de 25 bps na Selic em Agosto, diminuindo as chances em 50% de um corte de 50 bps próxima reunião do COPOM. De qualquer maneira, vale ressaltar que a inflação vem desacelerando gradualmente no Brasil e o mercado doméstico tem reagido bem, considerando que nas mínimas de 2023 o Ibovespa estava negociando a um desconto de 26% em relação ao padrão histórico e atualmente negocia a 5%.

Nos EUA, o dado de inflação ao consumidor também veio abaixo do esperado e caiu para patamares mínimos de dois anos. Assim, o mercado reduziu as apostas de que o Federal Reserve aumente as taxas novamente após uma alta esperada para este mês. Vemos o investidor voltando a investir em ações nos Estados Unidos, motivado por uma sinalização positiva do aperto monetário vigente e consequentemente, diminuindo o receio de que a alta de juros seja prolongada.

A China apresentou dados de inflação ao consumidor e exportações menores do que os analistas previam. Se por um lado, dados de inflação abaixo das expectativas em outras economias são vistos de forma positiva dado que sinalizam deflação e efeito da política monetária, para China interpretamos o inverso. Números mais fracos sinalizam uma economia não tão aquecida e consequentemente uma recuperação econômica bem mais lenta do que o previsto. De qualquer forma, esses dados fomentam a expectativa de mais estímulos por parte do órgão regulador chinês, o que influenciou positivamente as cotações das principais commodities, como o minério de ferro.

Influenciado pelo IPCA de junho e volatilidade de commodities, o Ibovespa acumulou uma queda de 1%, fechando aos 117.710 pontos. O destaque corporativo da semana fica para a JBS, que registrou uma proposta de listagem de ações nos Estados Unidos. A companhia visa ampliar sua capacidade de investimento e crescimento com um menor custo de capital. Essa estrutura refletirá melhor a posição global da empresa e abre caminho para mais liquidez e uma possível destravamento do valor das ações, considerando que negociam com múltiplos descontados em relação ao rival Tyson Foods. Vale ressaltar que o Goldman Sachs e outras casas reiteraram recomendação de compra do papel, considerando que o foco contínuo da empresa em produtos de marca e valor agregado podem ser capazes de reduzir a volatilidade cíclica oriunda dos ciclos do gado.

Resumindo a semana, o dólar perdeu força em relação ao real, viu-se um estresse nos vencimentos mais longos da curva de juros e um volume misto no principal índice brasileiro. No geral, vemos as economias reagindo relativamente bem as suas respectivas políticas monetárias contracionistas, o que elimina parte do receio de uma possível recessão. Por outro lado, partindo do pressuposto da recuperação da economia chinesa, vemos um mercado precificando uma bateria de estímulos por parte do órgão regulador chinês, que se, porventura, não vierem de acordo com as expectativas, impactarão negativamente os mercados globais.

Topo

Artigos relacionados

Escritório

  • Rua do Rócio, 350 
    1º andar
    Vila Olímpia, São Paulo - SP
    CEP 04552-000

Contatos

  • (11) 2147 0450

  • Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

2022  Todos os Direitos Reservados | Política de Privacidade