As vendas no varejo americano apresentaram uma aceleração de 0,2% m/m em junho, abaixo das expectativas de um crescimento de 0,5% m/m. Isso é explicado principalmente pela revisão altista de abril e maio. A alta não foi disseminada, os destaques positivos foram veículos automotores, eletrônicos e vestuários, enquanto os negativos foram lojas de departamento, postos de gasolina, alimentos e bebidas. Esse resultado alimenta a expectativa de crescimento na economia americana no 3T23 e, ainda nessa linha, corrobora com a possibilidade de um novo aumento de 25 bps na taxa de juros americana na próxima semana.
Na China, o PIB do 2T23 decepcionou o mercado com uma alta anualizada de 6,3% enquanto a expectativa era de 6,9%. Essa queda tem relação com a fragilidade do mercado imobiliário. O resultado faz uma pressão ainda maior para novos estímulos econômicos. Liu Guoqiang, vice-presidente do Banco Central da China, já expôs a possibilidade de afrouxar a política monetária do país caso se mostre necessário.
O CPI da zona do euro continuou na tendência de desaceleração em junho, com uma variação de 0,3% m/m,. Em Os dados foram em linha com o consenso Refinitiv. O núcleo, por outro lado, se mostrou mais resiliente com uma aceleração de 0,4% m/m e, na comparação anual 5,5%, uma taxa maior do que observado no mês passado de 5,3%.
A temporada de resultados do 2T23 continua nos EUA, e essa semana foi a vez de BofA, Morgan Stanley e Goldman Sachs. O mercado esperava números fracos da Goldman, mas resultados foram ainda piores. Seu lucro caiu 58% a.a. e ficou em $ 1,22 bilhão, e foi o único dos grandes bancos que ficou abaixo do consenso. Apesar do setor mostrar dificuldades, o BofA e Morgan Stanley superaram as expectativas mais céticas. O BofA foi impulsionado pelo seu Wealth Management, com lucro líquido de $ 7,4 bilhões, queda de 19% a.a., e o lucro do Morgan Stanley caiu 12% a.a. e foi de $ 2,2 bilhões.apresentou
No 2T23, a Netflix cresceu em número de assinatura, mas não soube converter os novos clientes em receita. O mercado esperava um aumento de 1,75 milhãomilhões nas assinaturas, mas o streaming surpreendeu com 5,89 milhões de novos planos no período, impulsionado pela nova restrição de compartilhamento de senha. Sua receita ficou em US$ 8,19 bilhões, enquanto o consenso esperava US$ 8,29 bilhões, diferença de US$ 100$ 10 milhões. O lucro líquido foi de US$ 1,49 bilhão, acima da expectativa de US$ 1,44 bilhão. Além disso, o guidance para o 3T23 foi menor do que o esperado.
A Tesla superou as expectativas, mas o mercado ficou inseguro com falta de detalhes na conferência pós-resultados. Seu lucro líquido de US$ 2,7 bilhões cresceu 30% a.a. e a receita superou o consenso em US$ 700$ 7 milhões, com aumento de 47% a.a., no valor de US$ 24,9 bilhões. Apesar de ter mostrado bons números, a margem de lucro diminuiu, mostrando a maior dificuldade no mercado de carros elétricos, com maior número de modelos, concorrentes e taxas de juros mais altas. A falta de detalhes sobre o projeto Cybertruck deixou um guidance confuso para os próximos trimestres.
Brasil
O IBC-Br, considerado uma prévia mensal do PIB brasileiro, de maio apresentou uma queda de 2% m/m, a mais acentuada desde março de 2021. A leitura foi bem abaixo das expectativas de estabilidade. Dessa forma, o acumulado no ano totaliza 3,61% até o momento. Vale ressaltar, entretanto, que esse indicador é encarado como uma proxy do PIB, justamente por não possuir a mesma metodologia de cálculo do produto interno. Assim, o crescimento econômico do país no trimestre pode não ser tão retraído quanto esse indicador.
Mercados
Em uma semana mais esvaziada de agenda econômica, os mercados performaram de forma mista, refletindo os resultados corporativos de grandes companhias norte-americanas, a expectativa pelo índice de preços de gastos com consumo (PCE) e a decisão da direção da política monetária por parte do Federal Reserve na semana que vem. Mesmo com um cronograma mais flexível, no âmbito internacional, PIB da China, vendas no varejo americano, pedidos de seguro-desemprego nos EUA e continuidade da temporada de resultados corporativos foram os principais drivers dos últimos cinco dias. No Brasil, atenções voltadas a prévia do PIB e noticiário político/corporativo.
A China impôs viés negativo aos mercados globais com a divulgação de um crescimento menor que o esperado no segundo trimestre. A economia chinesa cresceu um ponto percentual a menos do que o projetado pelos analistas e isso aumentou as preocupações sobre a recuperação da segunda maior economia do mundo. Vimos o minério de ferro, o cobre e as bolsas europeias logo responderem negativamente após frustração do PIB do maior consumidor de metais do mundo.
Nesse ínterim, Pequim anunciou onze medidas para estimular o consumo de bens e serviços. Dentre as medidas, as instituições financeiras destinarão mais crédito ao consumo das famílias, governos locais vão reformar moradias, empresas terão incentivos para desenvolver plataformas de prestação de serviços digitais, além do apoio fiscal para infraestrutura. Após o anúncio dos estímulos, as commodities se recuperaram parcialmente da queda da véspera, na expectativa de que Pequim intensifique os esforços.
Em linhas gerais, os últimos números das vendas no varejo e pedidos de seguro-desemprego nos EUA seguiram sinalizando uma notória resiliência econômica. Assim, as bolsas americanas permaneceram no campo negativo ao longo do pregão de quinta-feira e vimos os yields pressionados no brasil, com juros futuros médios e longos brasileiros subindo mais de dez pontos. Considerando que os dados da economia americana continuam a reforçar a tese de que a política monetária contracionista ainda está em processo de combate à inflação vigente, os mercados seguem precificando uma alta de 25 bps na Fed Funds Rate semana que vem.
No cenário domésticO, a prévia do PIB de maio demonstrou uma desaceleração. Por mais que a atividade tenha perdido ímpeto, principalmente em função do fim da safra de verão 22/23, acreditamos que o headline foi positivo, pois indica que o atual aperto monetário está fazendo efeito. Sendo assim, nossa ideia corrobora com a precificação do mercado, de que há de fato, espaço para o Banco Central iniciar o ciclo de corte de juros em agosto.
Em semana de vencimentos de opções na B3 e bastante volatilidade nas principais commodities que influenciam o índice, o Ibovespa acumulou uma alta de 2,13%, fechando aos 120.216 pontos. No noticiário corporativo, destaque para o relatório de produção e vendas da Vale. O volume de vendas de finos de minério de ferro e pelotas somou 63,3 milhões, que representa uma alta de aproximadamente 44% na base anual. Já a produção aumentou aproximadamente 6% na comparação anual e 18% em relação ao 1T22. Segundo a companhia, o número da produção foi influenciado por uma produção recorde para um segundo trimestre na Mina de Ferro do Complexo Serra Sul, seguido pelo sólido desempenho dos complexos Itabira e Vargem Grande, melhorando a qualidade média do portfólio de produtos da Vale.
Resumindo, o real se apreciou em relação ao dólar e a curva de juros brasileira aliviou nos vencimentos de curto e médio prazo em mais de 50 bps. Tivemos um fluxo misto no índice, que permaneceu no campo positivo nos últimos dois dias da semana quando a curva futura de juros brasileira e o dólar cederam. Em resumo, os mercados já precificam um aumento de juros nos EUA na semana que vem, um corte na Selic em agosto e uma esperança de que os novos estímulos de Pequim sejam eficazes na potencialização da recuperação econômica chinesa.
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