23/06/23

Análise da Semana - 19 a 23 de Junho de 2023

Jerome Powell, presidente do Fed, fez um discurso essa semana no qual reiterou o comprometimento deles de tornar a inflação de volta à meta, que está bem longe dos 2%. Além disso, apesar dos preços terem desacelerado um pouco de alguns meses para cá, ainda existem pressões inflacionárias elevadas, como o mercado de trabalho apertado. No discurso, Powell reiterou que quase todos os dirigentes do Fed consideram apropriado elevar a taxa de juros um pouco mais até o final do ano.

O PMI composto, índice de gerentes de compras que engloba os setores industriais e de serviços, dos EUA caiu de 54,3 pontos em maio para 53 pontos em julho. A leitura foi abaixo do consenso, que esperava um dado de 53,3 pontos. Dessa forma, esse é o menor patamar do indicador dos últimos três meses. O destaque da leitura foi o PMI industrial que sofreu uma queda de 48,4 pontos para 46,3 pontos, representando o menor nível dos últimos seis meses. O PMI de serviços também apresentou um leve recuo, porém menor do que o esperado pelo mercado. Vale lembrar que leituras abaixo de 50 pontos indicam que a atividade dos setores analisados está em contração.

Essa semana o BoE, Bank of England, anunciou a decisão de aumentar a taxa básica de juros em 50 bps, atingindo o patamar de 5% a.a. O presidente do BoE, Andrew Bailey, informou que os últimos dados da economia inglesa indicavam que ainda era necessária mais ação para conter a inflação. Reiterou também que o foco do BC inglês é trazer a inflação para a meta de 2% e farão o que for necessário para conseguir isso.

Brasil

Na reunião do Copom dessa semana o comitê de política monetária anunciou a decisão de manter a taxa básica de juros em 13,75% a.a., como o mercado já havia antecipado. O comunicado, entretanto, mudou em comparação ao último encontro. Foi retirada a parte em que o comitê abria a possibilidade de subir juros, além das projeções de IPCA em que a Selic permanece estável por todo o horizonte relevante. De maneira geral, o tom do comitê foi dovish em relação ao comunicado de maio. Entretanto, o comitê indicou que o processo desinflacionário tende a ser mais lento tendo em vista as expectativas de inflação desancoradas. Além disso, utilizaram os termos “cautela e parcimônia” quando falam de cortes de juros, indicando que o início do ciclo de cortes de taxa de juros não será agressivo.

 Mercados

Nessa semana, os mercados ficaram praticamente de lado após permanecerem, majoritariamente, oito semanas seguidas no campo positivo. Na esfera internacional, os PMIs preliminares de junho dos EUA, as falas de Powell sobre o cenário de inflação e política monetária, os estímulos estipulados por parte do órgão chinês e o ajuste de juros do banco central europeu foram os principais headlines. No Brasil, investidores de olho na reunião do COPOM, que manteve inalterada a taxa básica de juros da economia brasileira em 13,75%.

Mesmo que o COPOM tenha mudado o discurso em relação a maio, a projeção do IPCA do BACEN para 2024 foi revisada para cima e entendeu-se que os núcleos mais sensíveis à política monetária estão reagindo menos do que o esperado. Dado contexto, é necessário ter calma e visualizar sinais mais claros de desinflação. Acreditamos que esse tom mais duro de parte do comunicado não serviu para descartar a probabilidade de corte de juros na próxima reunião, mas para impedir que o mercado saia precificando grandes cortes na curva, o que está em desalinho com as expectativas atuais de inflação.

Nessa semana, a diferença entre o yield dos papéis de dois anos e dez anos voltou a subir nos Estados Unidos e atingiu o maior nível desde o colapso do Silicon Valley Bank. Esse gap se aproximou do pico atingido a três meses atrás, que registrou a maior abertura em quarenta e dois anos. Isso demonstra que os títulos de curto prazo estão mais atrativos do que os de longo prazo, o que sinaliza inversão da curva de rendimento dos Treasuries. Logo, quando a curva se inverte nessa magnitude e por tanto tempo, é difícil não termos uma recessão à frente. Vale lembrar que esse possível cenário não combina com o bull market visto nas últimas semanas, que foi ocasionado pelo boom das empresas de tecnologia ligadas à inteligência artificial. Dado o contexto, não acreditamos que esse otimismo no mercado americano seja sustentável até o final do ano e esperamos um enfraquecimento da moeda americana nos próximos meses.

Influenciado por commodities e um movimento de realização de lucros, o Ibovespa ficou praticamente de lado na semana, acumulando uma valorização de 0,19% e fechando o pregão dessa sexta-feira aos 118.977 pontos. Na alçada corporativa, o destaque fica para a Raízen, com Bank of America reiterando a empresa como top pick do setor de Agronegócio. O banco elevou o preço alvo do papel e vê um upside de 49%, enxergando um forte potencial de crescimento dos lucros, com uma taxa anual de crescimento anual de 25% para o período de 2024-2026. Deve-se isso, principalmente, a recuperação da moagem de cana-de-açúcar, preços recordes do açúcar, custos mais baixos e execução do pipeline de E2G (usinas de etanol de segunda geração).

O dólar perdeu força e as curvas de juros deram continuidade no movimento de contração, reduzindo ainda mais o prêmio de risco doméstico. Tivemos um fluxo de investidor individual negativo e um volume misto no IBOV, após reunião do COPOM. Os mercados invertem a direção e passam a operar em estágio de cautela, reconsiderando o otimismo que vinham precificando nos últimos dois meses.

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