09/06/23

Análise da Semana - 5 a 9 de Junho de 2023

Segundo pesquisa feita pela Bloomberg, a maioria dos economistas espera que o Fed interrompa o ciclo de aumento da taxa de juros já na próxima semana, depois de 15 meses de ciclo de alta. A expectativa é que o comitê permaneça em modo de espera até dezembro. Isso porque esses economistas enxergam que o alívio da pressão inflacionária, a desaceleração das condições de trabalho e ventos contrários da redução dos empréstimos são indícios de que o FOMC não deve decidir retomar o ciclo de alta. Vale ressaltar, entretanto, que cerca de um terço dos economistas que participaram da pesquisa ainda acreditam que ainda há espaço para um aumento de 25 bps na reunião de julho e, para nós, a probabilidade de isso acontecer está diminuindo cada vez mais. As decisões dos bancos centrais costumam ser complexas e dependem muito dos dados econômicos, que tem mudado recentemente com maior intensidade. No atual mundo complexo e dinâmico, com mudanças constantes de cenários, os bancos centrais têm desenhado cenários de horizonte mais curto e são mais influenciados pelos dados econômicos de curto prazo.

 O PMI de serviços dos EUA, índice que acompanha a atividade não-industrial mensalmente, apresentou uma surpresa negativa, cerca de 4% abaixo das expectativas, ficando em 50,3 pontos. Dessa forma, o indicador atingiu o menor nível desde dezembro do ano passado. Essa queda foi impulsionada pela desaceleração tanto nas importações quanto nas exportações. Mesmo assim, esse resultado ainda está acima dos 50 pontos, os quais demarcam o patamar de expansão. Apesar do setor de serviços estar dando sinais de acomodação, indicadores como o payroll e PCE mostram que a demanda norte americana segue resiliente.

O CPI chinês, índice de inflação ao consumidor, de maio acelerou 0,2% a/a apresentando um ritmo menor do que o esperado de 0,3% a/a. Na comparação mensal, o índice caiu 0,2% vindo de uma queda de 0,1% m/m no mês anterior. Já o índice de inflação ao produtor, o PPI, sofreu uma queda de 4,6% a/a, acima do que o consenso esperava de 4,3%, representando a leitura mais fraca desde fevereiro de 2016. Essa leitura pode ser explicada principalmente por conta da queda nos preços globais das commodities e pelo enfraquecimento do mercado doméstico e internacional de bens industriais.

Brasil

O IPCA de maio registrou uma variação de 0,23% m/m, abaixo das expectativas do mercado de 0,33% m/m. Com essa leitura, acumulamos uma alta de 2,95% no ano. Sete dos nove grupos de produtos e serviços apresentaram alta, especialmente saúde e cuidados pessoais, catalisado pelo aumento nos preços de planos de saúde, itens de higiene pessoais e fármacos. Os únicos que tiveram declínio foram os grupos de transporte, principalmente devido à queda nos preços de passagens aéreas e dos combustíveis, e artigos de residência. Vale ressaltar que a difusão da leitura foi a mais baixa desde agosto de 2022, ficando em 55,97%. No geral, a composição do índice pode ser considerada marginalmente melhor do que a expectativa. A melhora qualitativa dos números nos faz acreditar em uma tendência de queda da inflação.

Tendo em vista a composição de dados mais favoráveis de inflação no país já temos perspectivas de cortes na Selic. A grande maioria dos bancos acreditam que o ciclo de cortes da taxa básica de juros deve se iniciar entre agosto e setembro desse ano. Essa previsão não é unanime, já que Itaú e o Santander apostam que esse movimento se iniciará em novembro.

Mercados

Nessa semana mais amena, os mercados performaram de forma positiva, refletindo uma maturação acerca das trajetórias inflacionárias globais e o rally de empresas de tecnologia nos Estados Unidos. No plano internacional, o PMI de serviços dos EUA, dados de exportação e corte de compulsórios na China e período de silêncio dos membros do FED foram os principais drivers de preço. No Brasil, os holofotes se voltaram ao dado de inflação de maio, que veio mais baixo do que as projeções.

O IPCA de maio veio bem abaixo das expectativas e surpreendeu o mercado como um todo. Esse dado positivo nos faz acreditar em uma tendência de conversão da inflação para a meta desejada num prazo mais curto e, consequentemente, um espaço para corte de juros. A possível redução dos juros na reunião de agosto já está sendo refletida nos preços dos ativos domésticos (construção civil, varejo, e-commerce), que apresentaram uma significativa valorização nas últimas semanas. Com esse dado de maio, vimos o mercado consolidar esse cenário mais otimista e a curva precificando 21,5 pontos de redução da Selic no Copom de agosto.

Como já apontado pelos analistas, a probabilidade de o Federal Reserve aumentar a fed funds rate na próxima reunião é baixa. Os membros do comitê entraram em período de silêncio essa semana e, portanto, não teremos mais pistas acerca do direcionamento da política monetária. De qualquer modo, vemos atualmente 78% de chance de probabilidade implícita na curva futura de manutenção de juros inalterados na semana que vem.

Após os dados de exportação da China terem vindo fracos, o mercado ficou na expectativa de um estímulo à economia por parte do órgão regulador chinês. Dito isso, seis grandes bancos cortaram a taxa de depósito para induzir a população ao consumo. Nesse ínterim, com uma maior expectativa de demanda, o minério de ferro engatou a quinta alta consecutiva e a cotação valorizou aproximadamente 7% na semana, o que se espelhou também nas ações da Vale e no Ibovespa.

Com dado de inflação positivo de maio no Brasil e a apreciação de commodities, como o minério de ferro, o Ibovespa acumulou uma alta de 5,8% na semana e renovou sua máxima desde o começo do ano, fechando aos 117 mil pontos. O destaque corporativo fica para a CVC, que contratou o Citibank e o Itaú BBA para um potencial oferta primária de ações. A empresa pretende captar pelo menos R$ 200 milhões, em uma oferta que deve permitir a entrega de “bônus de subscrição”, que concederá aos investidores direito de subscrever uma ação no prazo e preço a serem determinados pela companhia. A oferta possibilitaria que a empresa reduzisse a alavancagem atual e sustentado por esse otimismo, o papel chegou a valorizar 30% desde o começo da semana. 

No geral, o dólar caiu e as curvas de juros fecharam, seguindo o movimento de descompressão de risco doméstico visto nas últimas semanas. Tivemos um fluxo positivo no IBOV, com volume majoritariamente comprador e pequenos movimentos de realização de lucros ao longo da semana. Os mercados seguem à deriva das espirais inflacionárias, precificando possibilidades de afrouxamento de suas respectivas políticas monetárias.

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