13/04/23

Análise da Semana - 3 a 7 de Abril

No início da semana, foi anunciado pela OPEP um corte surpresa na produção de petróleo, gerando uma alta nos preços futuros da commodity na Ásia. Essa medida entrará em vigor em maio e continuará vigente durante o resto do ano. Por mais que o ajuste tenha sido justificado como uma medida para ajudar a estabilidade do mercado de petróleo, acredita-se que o real objetivo seja apoiar o equilíbrio fiscal de Riyadh, capital da Arábia Saudita. Isso porque a economia do país é dependente da exportação de petróleo para financiar suas despesas públicas e o governo precisa manter o preço do petróleo em um patamar alto para manter a base fiscal. Esse corte causará um desequilíbrio global entre oferta e demanda.

Nos EUA foi divulgado o ISM Industrial de março, o qual apresentou uma desaceleração, corroborando com a expectativa de acomodação da atividade. Dessa forma, o indicador permaneceu em nível contracionista pelo quinto mês seguido. Além disso, o índice de preços recuou de 51,30 pontos para 49,20 pontos, ficando abaixo do consenso e voltando para o patamar de contração, indicando uma acomodação das pressões inflacionárias sobre os preços industriais. A leitura indica que está acontecendo um movimento de normalização no lado da oferta. Espera-se que aconteça uma desaceleração na atividade no 2T23, porém não o suficiente para gerar um impacto significativo na inflação.

O ISM de Serviços também sofreu arrefecimento em relação ao dado de fevereiro. Os responsáveis por isso foram os indicadores de novos pedidos e emprego, os quais desaceleraram na comparação mensal. Por outro lado, o índice de preços pagos segue pressionado, mesmo com leve queda. Com isso, podemos confirmar a expectativa de uma acomodação da demanda doméstica, com os dados iniciais de março mostrando um menor crescimento. Tudo isso confirma a expectativa de que haverá apenas mais um ajuste por parte do FOMC de 25 bps na próxima reunião.

 

Brasil

 O presidente Lula assinou ontem dois decretos que alteram o marco do saneamento atual. Esse movimento do governo visa proteger as empresas estatais do setor, pois a modificação possibilita que companhias estatais ineficientes continuem operando por mais tempo. De forma resumida, os decretos permitem a prorrogação do prazo de regionalização até o final de 2025 e garantem que essas companhias continuem tendo acesso a recursos federais também até esse mesmo prazo. Segundo o governo, atualmente existem mais de dois mil municípios que ainda não estão “regionalizados” e que agora terão mais prazo para se adequar. As empresas privadas do setor de saneamento estão criticando as alterações, o que pode impactar negativamente os investimentos futuros.

Mercados

Nessa semana mais curta, os mercados se mantiveram turbulentos, refletindo um temor de recessão nos EUA e a decisão da Opep em relação ao corte na produção de petróleo. No âmbito internacional, os olhos ficaram voltados aos dados da indústria americana e ao Payroll, indicador de criação de novos empregos, que sai amanhã. No campo doméstico, repercutiu-se o noticiário corporativo e as recentes modificações do marco do saneamento.

Como já dito, a OPEP anunciou no último domingo o corte da produção diária de petróleo. Foi divulgado um corte de 1,1 milhões de barris ao dia, correspondente a 3% da produção mundial. Esse ajuste gerou muita discussão pois pressiona a inflação e dá mais trabalho para os bancos centrais mundiais, que visam encerrar o ciclo altista de juros. É importante lembrar que essa decisão impactou os Estados Unidos, que recentemente, vendeu parte da reserva estratégica do país para reduzir o preço do barril e consequentemente, controlar a inflação.

Na descrição acima, podemos entender que a alteração do marco do saneamento gera um certo risco para a iniciativa privada. Nesse contexto de extensão de prazos para as prestadoras de serviços estatais, alguns contratos que já teriam que passar por um processo de licitação, ganharam um fôlego de mais dois anos, o que prejudica o ganho de mercado e o crescimento das empresas do setor privado no geral.

Com dados do exterior, incerteza e noticiário doméstico no radar, o Ibovespa acumulou uma queda de 2,79%, fechando aos 100.821 pontos. O destaque em termos corporativos fica para a conclusão da venda da Aesop pela Natura por US$2,5 bi. A Aesop é uma marca australiana de cosméticos e até então, compunha o portfólio premium da Natura. Com a venda da marca, a Natura passará a ter uma posição de R$1,6 bilhão de caixa líquido e a expectativa é que a empresa use boa parte desse capital para pagar dívidas caras do balanço e consequentemente, reduzir a alavancagem. Por mais que a primeira impressão do mercado tenha sido positiva com o papel chegando a subir quase 8% no pregão de segunda, a cotação sofreu uma desvalorização de 15,1% com um forte fluxo vendedor. Em suma, o mercado logo precificou que a transação foi um erro estratégico dada a performance e o potencial de crescimento da Aesop. Sem a marca, o portfólio se consolida em algo já bem maturado, com uma vertente de desenvolvimento muito mais limitada.

Resumindo a semana, o dólar se manteve praticamente estável, as curvas de juros mistas e observamos um volume majoritariamente vendedor no IBOV.

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