Essa semana as bolsas nos EUA caíram, com S&P -2,1% e Nasdaq -5,5%. No Brasil, o Ibovespa também sofreu uma queda de -2,7%. Alguns fatos ocorridos durante a semana explicam essa realização na bolsa. O primeiro foi o CPI acima das expectativas do mercado, aumentando o temor dos investidores de que o Fed pode adotar uma postura mais hawkish. E, no fim da semana, veio o anúncio do resultado do FedEx abaixo do esperado pelo mercado, que pode ser um indicador antecedente negativo em relação ao crescimento da economia global.

 O CPI, métrica de inflação ao consumidor americano, teve uma surpresa altista no mês de agosto. Enquanto o mercado esperava um dado de deflação, foi registrado uma alta de 0,1% m/m, além do núcleo que também teve uma leitura acima do esperado. No curto prazo, é possível observar um viés baixista vindo da diminuição dos preços de energia global, em contrapartida há pressões altistas provenientes da manutenção da força do mercado de trabalho. Espera-se que o arrefecimento do CPI pode começar a acontecer apenas no 4T22. O dado corrobora com a expectativa da manutenção do ritmo de elevação da taxa de juros.

Também foram divulgados os dados de atividade econômica americana referente ao mês de agosto. No geral, foi observado uma desaceleração da economia, com a indústria recuando -0,2% m/m, impactada pela queda na produção de bens de consumo. Além disso, a desaceleração dos preços dos combustíveis contribuiu para as leituras negativas. O consumo e a produção devem continuar nesse ritmo de arrefecimento nos próximos meses. Já o mercado de trabalho ainda mostra sinais de aquecimento, com um nível relativamente baixo de pedidos de seguro-desemprego. Dessa forma, os dados mostram certa acomodação da atividade econômica, outro ponto que reforça as expectativas de uma elevação de 75 bps no FOMC.

A FedEx reportou um resultado trimestral bem abaixo da expectativa, com a redução do nível de atividade da economia global e disse que terá que fazer um programa profundo de corte de custos. As ações caíram por volta de 22%. Os resultados frustrantes indicam uma redução na atividade econômica global, particularmente no e-commerce. O CEO, Raj Subramanian, disse que a FedEx congelou a contratação de novos funcionários, fechará 90 escritórios e deixará paralizada parte de sua frota de cargueiros.

Brasil

O IBC-Br, índice de atividade econômica do Brasil, do mês de julho mostrou uma forte aceleração em relação ao que era esperado pelo mercado, ficando em +1,2% m/m, enquanto a expectativa era de +0,4%. Essa leitura é resultado de surpresas positivas no setor de serviços. Nos próximos meses os serviços devem continuar beneficiando a atividade econômica pensando na queda dos preços de combustíveis e o Auxílio Brasil. Por outro lado, a alta taxa de juros deve continuar fazendo com que o setor varejista impacte negativamente a atividade. Tendo em vista que o índice é uma proxy para o PIB, podemos esperar que o produto do 3T22 tenha uma leitura positiva.

Dando mais detalhes sobre o nível de atividade, o volume de serviços no Brasil apresentou uma alta de +1,1% m/m no mês de julho, enquanto esperava-se uma leitura de +0,6% m/m. Esse dado demonstra sentimento positivo para a atividade econômica. A boa leitura se deu pelos efeitos remanescentes da liberação do FGTS e a melhora do mercado de trabalho. Havendo estabilidade, o setor deve crescer +1,8% t/t no 3T22, contribuindo positivamente para a atividade econômica.

Ainda, em relação ao varejo foi observado um recuo de -0,8% m/m no mês de julho, enquanto era esperado uma expansão no setor. Espera-se que no 3T22 as leituras continuem nesse ritmo, já que o setor deve sofrer com os juros altos. Assim, se as vendas no varejo ficarem estáveis ao longo do trimestre, o setor pode recuar ainda mais.