Esta semana as bolsas nos EUA tiveram bons resultados, com Nasdaq +4,1% e S&P +3,6%. No Brasil, Ibovespa fechou com alta de +1,3%. Os mercados, no geral, reagiram positivamente ao Livro Bege, relatório sobre as condições econômicas nos EUA, divulgado pelo banco central americano.
O livro indicou que a atividade econômica no país praticamente não mudou desde o começo de julho. Os dados positivos em relação a economia americana têm sido vistos como negativas pelo mercado, já que isso pode significar que fique ainda mais difícil conter a inflação e, por isso, o Fed deverá ter um comportamento hawkish mais agressivo. Além disso, o déficit comercial diminuiu, o que tem um reflexo positivo para o PIB, porém foi ocasionado por uma queda nas importações o que corrobora com a ideia de deterioração do consumo nos EUA. Esse fator, entretanto, também está relacionado com a queda de exportação chinesa. De forma geral, a análise é de que a economia americana nos últimos meses está praticamente no mesmo nível desde julho, algo visto como positivo pelos mercados.
Ainda nos EUA, o ISM de serviços em agosto acelerou em relação ao mês anterior, movimento contrário do que o consenso esperava. Isso traz um sentimento de resiliência na atividade econômica, visto que uma leitura no patamar que está, isto é, acima de 50 pontos, significa que o segmento está em expansão. Assim, foi observado um aumento na demanda de serviços e um avanço na situação econômica, levada por uma melhora nos gargalos produtivos e pelo arrefecimento nos preços de energia. Além disso, o nível de preços de serviços ainda está em nível elevado. Tendo em vista a estratégia do FOMC, que dá bastante importância aos dados de alta frequência para fazer decisões em relação a fed fund rate, existe uma grande chance de continuarem o ritmo de aumento de 75 bps no próximo encontro.
O Banco Central Europeu elevou em 75bps a taxa de juros e passará a monitorar os dados para tomar as próximas decisões. Ainda, foi sinalizado que nas próximas reuniões deve haver novos aumentos para que consigam atingir a convergência para inflação de 2% no médio prazo. Lagarde, presidente do BCE, afirmou também que está monitorando de perto a desvalorização do euro, já que isso afeta a estabilidade da moeda. Contudo, não foi estabelecida nenhuma meta. De qualquer forma, no curto prazo não devemos observar uma recuperação da moeda, levando em conta o conflito da Rússia contra a Ucrânia e a perda de força dos parceiros China e Reino Unido. A presidente ainda disse que ainda podem acontecer mais de duas reuniões de alta de juros, mas menos de cinco. Porém, o mercado já precifica mais de cinco reuniões.
Brasil
O IPCA de agosto apresentou deflação pela segunda vez consecutiva. Novamente, os itens que cooperaram para a leitura baixista foram combustíveis e alimentos. De qualquer forma, o dado foi um pouco acima do esperado pelo mercado. Espera-se que em setembro a leitura continue em um ritmo mais brando, tendo em vista os anúncios de novos reajustes para baixo da Petrobras, além das distribuidoras estarem sujeitas à multa caso não tenham implementado a mudança de base do ICMS. Por outro lado, ainda temos riscos altistas impulsionados pelo Auxílio Brasil e pela atividade econômica resiliente.
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