Global
O modelo de crescimento chinês alimentado pelo setor imobiliário está sofrendo um desgaste. O governo chinês está analisando a situação para entender o que está dando errado e fazer correções no modelo. Outro ponto é que este setor foi um dos grandes impulsionadores do crescimento econômico e terão de buscar outros motores. A China vem mudando os fundamentos da sua economia para fazer uma transição de uma economia baseada em investimentos e exportação para uma maior participação do consumo das famílias e do setor privado interno. Essa situação tem afetado negativamente as commodities, principalmente às relacionadas ao setor de construção como minério de ferro. Estamos mais cautelosos com o investimento em Vale, mas os múltiplos continuam atrativos.
O payroll dos Estado Unidos de agosto teve um aumento de 315 mil vagas, apesar de ainda ser uma leitura alta, percebe-se um arrefecimento em relação ao mês anterior, em que 526 mil vagas foram criadas. Essa perda de ímpeto entre ocorreu nos setores em geral, mas principalmente entre ocupações de baixa remuneração. Até agora, foram criadas 3,5 milhões de vagas no ano. Ainda assim, a taxa de desemprego no país teve uma leve alta, agora no patamar de 3,7% contra 3,5% do mês anterior. Essa leitura ainda mostra força no setor, mesmo assim, ela deve dar esperanças ao banco central de que o mercado de trabalho está arrefecendo e de que o aperto monetário não está sendo exagerado, podendo ajudar na redução da inflação.
Brasil
O IGP-M de agosto apresentou deflação de -0,7% m/m, abaixo do que os -0,5% esperados pelo consenso. Essa leitura foi causada pela redução nos preços ao consumidor e ao produtor industrial. Para este último, o destaque deflacionário foi a queda nos preços dos combustíveis e do minério de ferro. Para o consumidor os preços nos combustíveis também tiveram uma influência relevante para o dado negativo, além da diminuição dos preços de energia. No curto prazo, o câmbio é um ponto de atenção. Mesmo com a recuperação do dólar, a valorização do real compensou essa dinâmica nas últimas semana, mantendo o preço de alimentos estáveis. Fora isso, a temporada de furacões no Golfo do México e conflitos geopolíticos podem voltar a provocar aumento nos preços de combustíveis.
A geração de vagas no mês de julho foi abaixo do esperado pelo consenso. Foram abertas 219 mil vagas, contra 258 mil esperadas, observa-se um arrefecimento tanto em relação ao mês anterior, quanto em relação ao mesmo período ano passado. Ainda assim, esse dado está acima da média histórica para o período, sendo de 65 mil vagas. Até agora, o saldo líquido de emprego formal está em 1,56 milhões no ano, um dos maiores saldos desde 2010. Esse resultado se deve principalmente pelo setor de serviços e pela indústria. O resultado também reflete a melhora na atividade econômica. Nos próximos meses esse avanço deve se manter, entretanto, no 4T22 deve desacelerar, explicado por uma possível perda de força na atividade econômica decorrente da alta de juros.
Em linha com a criação de vagas, o nível de desemprego em julho foi de 9,1%, significando um recuo de 2,9% a/a. Com ajuste sazonal, essa taxa fica em 8,7%, sendo o menor nível desde agosto de 2015. Sendo assim, é possível observar um aumento de 1,5% t/t no rendimento médio. Nas duas últimas leituras as surpresas positivas estiveram em menor magnitude, o que pode significar que estamos chegando em um patamar de estabilização. Entretanto, os indicadores de confiança são positivos, principalmente com a desaceleração da inflação, apontando para uma possibilidade de mais dados positivos de forma mais limitada do que têm acontecido nas leituras durante o ano. Ainda, com o aperto econômico e, consequentemente, com a desaceleração da atividade econômica, o ano deve acabar com uma taxa de desemprego bem próxima da atual, cerca de 9%.
O PIB do 2T22 teve uma alta de 1,2% t/t, superando a expectativa do consenso de 0,9% t/t. A métrica não apresentar novo crescimento nos próximos dois trimestres, o PIB encerraria o ano com crescimento de 2,6%. O principal ponto positivo veio do setor de serviços, favorecido pelas medidas fiscais que complementam a renda e o fim da pandemia. Por outro lado, a quebra da safra da soja impactou negativamente o crescimento. Esse sentimento positivo deve continuar para o próximo trimestre, levando em conta a melhora da percepção com a inflação, aumento de renda e um mercado de trabalho mais forte. Entretanto, o aumento dos juros e o consequente aperto das condições financeiras podem gerar uma perda na força da atividade econômica.
O governo central teve um superávit de R$ 19,3 bilhões no mês de julho, proveniente principalmente do arrefecimento dos gastos com benefícios previdenciários, despesas discricionárias e precatórios. Em relação a junho, foi observada uma menor arrecadação já que naquele mês aconteceu o recebimento de R$ 26,8 bilhões provenientes da privatização da Eletrobras. Mesmo assim, em julho tivemos uma das maiores receitas do ano. O resultado acumulado dos últimos 12 meses foi superavitário em R$ 115,6 bilhões, o que representa 1,38% do PIB. As medidas fiscais de Auxílio Brasil, voucher-caminhoneiro e outras junto da redução de impostos federais devem afetar o resultado primário nos próximos meses. Espera-se que o resultado primário do governo central em 2022 fique em R$ 30,2 bilhões e em 2023 -R$ 55,3 bilhões.
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