As vendas no varejo nos EUA tiveram um avanço de 0,7% m/m em março, bastante acima dos 0,3% m/m previsto pelos analistas. Além disso, o dado de fevereiro foi revisado para cima, com uma alta de 0,9% m/m em vez de 0,6% m/m. Dessa forma, as vendas no varejo aumentaram 2,1% no primeiro trimestre do ano em comparação com o mesmo período do ano passado. A leitura acima do esperado está relacionada com um aumento das receitas de varejistas online. Esses dados mostram que o varejo americano segue resiliente.
O PIB chinês do 1T24 cresceu 5,3% em comparação com o mesmo período de 2023, surpreendendo as expectativas dos analistas de 4,6% a/a. Mesmo assim, esse dado mostra uma leve desaceleração em relação a leitura do 4T23, quando foi registrado um crescimento de 5,5% a/a. Na comparação trimestral, o PIB do país cresceu 1,6%, também acima do projetado.
O CPI na zona do euro em março registrou um aumento de 2,4% na base anual, mostrando uma desaceleração em relação a taxa de 2,6% a/a registrada em fevereiro. O núcleo do indicador teve uma variação de 2,9% na base anual, também representando uma desaceleração. Na comparação mensal, o índice subiu 0,8%, de acordo com o esperado pelo consenso e acima do registrado no mês anterior, e o núcleo, por sua vez, subiu 1,1% m/m, acelerando em relação ao 0,7% m/m observado em fevereiro. As maiores contribuições para a leitura do mês foram serviços, alimentos, álcool e tabaco.
Goldman Sachs abriu a semana mostrando que teve o 1T24 acima do esperado. O principal segmento do banco, mercado de capitais apresentou melhora de 16% a/a nas receitas e 38% a/a nos lucros, mesmo com um cenário sem novas emissões e IPOs significativos. Renda fixa foi o produto de destaque dentro do mercado de capitais, com participação de 30% das receitas totais, seguido pela mesa de ações, responsável por 23% das receitas totais. Atualmente, o foco da administração é a área de gestão de patrimônio, com aumento de 18% a/a, de acordo com o esperado pelo mercado e somando US$ 3,79 bilhões impulsionado pelo private banking e private equity. Por sua vez, o lucro líquido do banco somou US$ 3,9 bilhões e o lucro por ação ajustado foi de US$ 11,58, acima da estimativa média do mercado. O Goldman Sachs possui um valor de mercado de aproximadamente US$ 130 bilhões, P/E (price/earnings) de 17,72, um dividend yield de 2,72% e no ano as suas ações sobem cerca de 5%.
O BofA corroborou expectativas do mercado no primeiro trimestre de 2024. Os bancos de varejo tiveram uma queda nas suas margens e o Bank of America não foi exceção, com baixa margem líquida de juros e cerca de US$ 700 milhões de gastos com direitos creditórios. O segmento de banco de investimento teve alta registrada de 35% a/a nas receitas, valor acima das projeções antecipadas. O banco de varejo, responsável por 40% das receitas do BofA, apresentou baixa de 5% a/a em receita. Essa queda no banco de varejo foi impulsionada pela diminuição de 7% nos depósitos e de 3% nas atividades de empréstimo. Enquanto seus parem diminuíram as provisões para devedores duvidosos, o Bank of America aumentou sua provisão no trimestre em US$ 200 milhões, somando US$ 1,3 bilhões em 1T24. O seu lucro por ação superou as expectativas do consenso de US$ 0,77 e foi de US$ 0,83 por ação. O Bank of America possui um valor de mercado de aproximadamente US$ 275 bilhões, P/E (price/earnings) de 11,70, um dividend yield de 2,67% e no ano as suas ações sobem cerca de 7%.
O Morgan Stanley apresentou resultados que agradaram o mercado. Assim como a Goldman Sachs, que possui como maior segmento a área de banco de investimentos, o Morgan Stanley apresentou melhora no período, uma vez que a quantidade de operações avança junto com a economia. No 1T23, a área de wealth management do banco superou impasses regulatórios e segue responsável por cerca de metade das receitas do banco com US$ 5,5 trilhões de AUM. O banco apresentou números acima das expectativas do mercado, com alta de 4,3% a/a na receita, que somou US$ 15,1 bilhões enquanto a FactSet esperava US$ 14,4 bilhões. Já o lucro líquido reportou crescimento de 14% a/a e foi de US$ 3,4 bilhões. O lucro por ação da empresa marcou US$ 2,02, enquanto as pesquisas da FactSet apontavam ganho US$ 0,35 menor.
Uma maior base de assinantes marcou o 1T24 da Netflix. Sua base de clientes apresentou crescimento bastante acima dos 5,1 milhões estimado pelo FactSet, e adicionou 9,3 milhões de novos clientes. A sua base de assinantes somou um total de 269,6 milhões de assinantes ao final de março. Contudo, a Netflix afirmou que esse é o último trimestre em que a base de assinantes será reportada, a fim de manter o foco na rentabilidade e margens da empresa. A receita líquida do período teve uma alta de 15% a/a e se beneficiou principalmente do aumento de 16% na base de clientes, além de novas fontes de receita, controle mais rígido de compartilhamento de senha e maior investimento em publicidade. A expectativa do mercado foi excedida, já que a empresa conseguiu somar US$ 2,14 bilhões de fluxo de caixa livre. Já o lucro por ação ajustado foi de US$ 5,28, enquanto a Bloomberg estima que a expectativa era de US$ 4,54. A Netflix possui um valor de mercado de aproximadamente US$ 265 bilhões, P/E de 30,5x, não paga dividendos e no ano as suas ações sobem cerca de 25%.
Brasil
O IBC-Br, índice considerado uma prévia do PIB, apresentou uma variação positiva de 0,4% m/m em fevereiro. Esse resultado representa uma desaceleração em relação a leitura de janeiro, que registrou alta de 0,6% m/m, além de ter ficado um pouco acima dos 0,35% m/m projetados pelos analistas. Nos últimos 12 meses, o indicador teve um avanço de 2,3% e na comparação anual o IBC-Br teve uma elevação de 2,6%, praticamente em linha com o esperado.
Mercados
Os mercados estenderam o sell off recente dada visão de juros mais altos durante mais tempo nos EUA, economia lenta na china (indicadores de varejo e produção industrial mais fracos) e ameaça de contra-ataque de Israel. Na agenda internacional, os principais destaques foram as vendas no varejo americano, falas de Powell sobre a política monetária e resultados de alguns dos principais bancos dos EUA. No Brasil, mercado precificou discurso de RCN em evento privado em NYC e alterações no Projeto de Lei das Diretrizes Orçamentárias.
As vendas no varejo americano vieram bem acima do esperado e reiteraram uma economia americana ainda bastante resiliente. Esses números, divulgados no começo da semana, já reforçaram ainda mais a visão do mercado de que há menos espaço para cortes no curto prazo. Posteriormente, as afirmações de Powell de que os dados econômicos sugerem falta de progresso adicional em relação a inflação e que provavelmente será necessário mais tempo para que a autoridade monetária tenha confiança sobre a inflação estressou ainda mais os mercados e as taxas dos Treasuries americanos voltaram a subir fortemente. A T-note de 2 anos atingiu 5% nas máximas do dia e a T-note de 10 anos operou perto de 4,7%.
No brasil, a expectativa para o cenário também piorou após leitura detalhada do Projeto de Lei das Diretrizes Orçamentárias (PLDO), que foi além da mudança da meta fiscal para 2025, colocando em jogo a credibilidade do arcabouço fiscal. A PLDO não só alterou a meta de superávit para 2025 com resultado zero, como também a de 2026. Mesmo com o afrouxamento em relação ao alvo anterior, que era um superávit de 0,5% do PIB, a fazenda terá de buscar arrecadação adicional para conseguir entregar o resultado esperado. Estima-se que o governo Lula vai precisar de mais ou menos R$ 50 bilhões em receitas extras para cumprir a nova meta fiscal zero. Nesse sentido, os juros futuros dispararam e subiram mais de 30 pontos na parte intermediária e longa da curva e o DI1F27 chegou a operar acima de 11%, algo que não era visto desde novembro do ano passado. Vale ressaltar que essa abertura das taxas, alinhada ao expressivo volume de negociação de contratos de DIs sugere que o mercado seguiu stopando posições aplicadas em juros nessa semana. Vemos a curva cada vez mais apontando chance de uma Selic terminal acima de 10% nesse ano.
Além disso, as falas de RCN num evento privado em NYC também reforçaram uma visão mais hawkish para os juros brasileiros e abriram espaço para que a curva espelhasse mais uma vez a desaceleração do ritmo de corte da Selic, de 50 bps para 25 bps em maio. Resumidamente, o mercado vem precificando a possibilidade de o BACEN não seguir o forward guidance na próxima reunião dado que dentre vários cenários, pode haver uma intensificação da incerteza e estresse global, forçando o órgão a alterar seu cenário base.
No noticiário corporativo, Petz e Cobasi concluíram uma fusão avaliada em termos de 50-50, com a Petz precificada em R$ 7,10 por ação. Este acordo cria um player dominante no setor de pet shops, com um faturamento combinado de R$ 6,9 bilhões e 483 lojas. A fusão visa reduzir a competição e otimizar tanto o cross sell de produtos e serviços quanto a eficiência logística e administrativa. Os acionistas da Petz e Cobasi terão 50% da nova empresa, com a família Nassar e o grupo Kinea fazendo um pagamento em dinheiro de R$ 450 milhões à Petz como parte da transação.
Visto a deterioração do cenário internacional e da percepção do risco fiscal brasileiro, os DIs renovaram suas máximas essa semana e o dólar caminhou para o maior nível desde março de 2023 e subiu 1,5%. O Ibovespa apresentou mais uma semana no campo negativo e acumulou uma desvalorização de 0,65%, fechando aos 125.124 pontos. O volume vendedor perdurou novamente no índice e o fluxo de capital estrangeiro continuou negativo.
Num contexto já nebuloso de juros americanos pressionados, uma nova disparada do petróleo dada possibilidade de uma contraofensiva de Israel deixa os mercados globais ainda mais sensíveis a qualquer tipo de risco. Domesticamente, a hipótese de que o BACEN possa mirar em uma Selic terminal mais próxima de 10% pode mitigar pressões mais fortes sobre a moeda brasileira. Isso garante a atratividade do diferencial de juros e consequentemente impede que o dólar tenha altas mais fortes, considerando que o real é uma das moedas emergentes que mais se depreciou nesse ano.
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