22/04/24

Análise da Semana - 1 a 5 de Abril de 2024

O PCE, índice de preços de gastos com consumo, dos EUA, a medida de inflação preferida do Fed, teve um avanço de 0,3% m/m em fevereiro. Esse dado foi abaixo do 0,4% m/m projetados pelo mercado. Já na comparação anual, o índice apresentou uma variação de 2,5% de acordo com o esperado pelo consenso. O núcleo por sua vez teve alta de mesma magnitude, ficando em linha com o esperado e desacelerando em relação aos 0,5% m/m observados em janeiro. O destaque da leitura foram os gastos com consumo, que apresentaram uma aceleração de 0,8% m/m em fevereiro depois de um aumento de 0,2% m/m em janeiro, ficando bem acima das expectativas de 0,5% m/m.

Os EUA tiveram uma criação de 303 mil novas vagas de emprego em março segundo o payroll, representando uma aceleração em relação ao dado de fevereiro de 270 mil novas vagas. Essa leitura ficou bastante acima das expectativas do consenso de 200 mil vagas, além de ficar acima da média mensal de 231 mil nos últimos 12 meses. Os setores que tiveram maior ganho de emprego foram os de saúde, governo e construção. Além disso, houve revisão nos dados de janeiro e fevereiro, revelando que foram criadas 22 mil vagas além das que tinham sido anunciadas anteriormente. A taxa de desemprego do país caiu de 3,9% em fevereiro para 3,8% em março, ficando um pouco abaixo da manutenção da taxa esperada pelo consenso. Ainda, o salário médio por hora dos empregados em folha de pagamento privadas não agrícolas aumentou 0,3%, atingindo US$ 34,69 e acumulando uma alta de 4,1% nos últimos 12 meses.

O PMI de serviços americano caiu de 52,6 pontos em janeiro para 51,4 pontos em fevereiro, ficando bem abaixo da expectativa de 52,8 pontos. Mesmo com essa queda, o indicador ainda mostra um patamar expansionista no setor. Dentre os grupos pesquisados, os destaques foram os índices de preços e de encomendas que caíram 5 pontos. De maneira geral, essa redução pode ser explicada por um crescimento mais lento do volume de encomendas, entregas mais rápidas de fornecedores e uma contração no nível de emprego.

O CPI da zona do euro desacelerou em março para 2,4% em termos anuais, contra 2,6% em fevereiro. Esse foi o menor resultado desde novembro do ano passado, que é também o menor nível desde julho de 2021. O núcleo também perdeu força, com uma alta de 2,9% a/a ante 3,1% a/a observado em fevereiro, ficando no menor nível em dois anos. Dessa forma, existe uma boa chance de que o BCE consiga trazer a inflação para baixo de 2% até junho.

Essa semana o BCE divulgou a ata de sua última reunião, sinalizando que a data do primeiro corte está ficando mais clara. Os membros do comitê não acreditam que haja dados suficientes para o início do ciclo de corte de juros em abril, mas tem confiança de que a desinflação sendo observada é sustentável, de forma que entendem que é possível que o primeiro corte aconteça em junho.

 O PMI Caixin de serviços da China apresentou um avanço de 52,5 em fevereiro para 52,7 em março, sendo o 15° mês consecutivo com o índice mostrando o setor em patamar de expansão. Esse resultado foi em linha com as estimativas dos analistas. O crescimento de novos negócios foi sólido e teve a taxa mais rápida desde dezembro do ano passado. O relatório mostrou uma melhora nas condições subjacentes de demanda e no desenvolvimento empresarial, de forma a impulsionar o aumento de novos trabalhos. Vale ressaltar que o nível de confiança empresarial aumentou pela primeira vez em três meses, com a esperança de que planos de expansão, novas linhas de produtos e o aumento nos orçamentos dos consumidores auxiliem nas vendas.

Brasil

A Pesquisa Industrial Mensal, PIM, registrou um crescimento de 3,6% m/m em fevereiro, sendo o terceiro mês consecutivo de expansão. Dessa forma, a indústria tem um ganho acumulado de 12% nos últimos três meses. Grande parte desse resultado está relacionado ao segmento de veículos automotores, reboques e carrocerias. A queda dos juros e a consequente redução de inadimplência e melhora no mercado de trabalho podem ser os principais fatores que fortaleceram o setor de veículos automotores. No acumulado dos últimos 12 meses, entretanto, a produção de bens duráveis tem uma alta modesta de apenas 1%.

Mercados

Os mercados asiáticos foram pouco afetados pelo terremoto em Taiwan e o foco foi crescimento da economia chinesa. Principalmente influenciados pelos resultados dos EUA, o mercado japonês teve queda de 2% no índice Nikkei, enquanto a bolsa de Seul caiu 1%. Por sua vez, tanto o mercado da Índia quanto do Taiwan se mantiveram estáveis, sem muita influência do terremoto ocorrido nessa semana. Na China, o governo definiu uma meta de crescimento em torno de 5% em 2024 e o índice do mercado de Hong Kong reagiu com alta de 2,4%. Uma vez que o PMI chinês subiu para 52,7, o mercado espera que a segunda maior economia do mundo consiga cumprir sua meta de crescimento até o final do ano.

Jerome Powell, presidente do Fed, sinalizou alguma incerteza quanto à inflação e atividade econômica americana dos próximos trimestres. Em seu discurso realizado na quarta-feira, Powell disse que resultados favoráveis da economia americana ainda não garantem que as melhoras sejam definitivas e garantiu que a política monetária do país seguirá cautelosa nos próximos trimestres. Além disso, as maiores influências para a redução da inflação americanas foram o crescimento da oferta global e da capacidade produtiva americana. Após os dados do payroll, o corte na taxa de juros se tornou mais provável, já que a geração de vagas foi maior do que se esperava. Levando isto em conta, a expectativa é de que o Fed vai iniciar uma redução na taxa de juros no segundo semestre em resposta a melhoras de sua economia.

O dólar fechou a semana com uma alta de 1,05%. Antes da divulgação do payroll americano, o dólar à vista começou a sexta-feira em leve queda de 0,18% no mercado internacional, mas fechou o dia subindo 0,25%. O discurso do Fed em relação ao início de corte na taxa de juros, foi cauteloso, enquanto PCE se mostrou estável e PMI foi abaixo das expectativas. Os dados foram mistos e não era possível afirmar se houve crescimento e melhora da economia do país, aumentando a pressão na espero pelo payroll. A geração de vagas foi bastante acima do esperado, mostrando resiliência contínua do mercado de trabalho americano. Em resposta, o mercado mostrou maior otimismo quanto ao desempenho da economia dos EUA no primeiro semestre de 2024.

No Brasil o principal assunto foi a Petrobras, com expectativa de troca de comando e pagamento de dividendos extraordinários. As ações da empresa tiveram alta de 1,20% na semana, com bastante oscilação de preço devido a rumores de que Lula teria convidado Aloizio Mercadante para ser novo presidente da companhia. Hoje Mercadante é presidente do BNDES, enquanto a Petrobras é comandada por Jean Paul Prates desde janeiro de 2023. Tiveram alguns outros nomes que foram especulados para indicação de Lula à Petrobras, mas acredita-se que Mercadante é a primeira opção. Além disso, também existem rumores quanto ao pagamento de dividendos extraordinários que movimentaram o mercado, mas a Petrobras afirmou que a decisão de pagamento ou não de dividendos será tomada em assembleia com os acionistas que ocorrerá no dia 25 de abril.  

Ibovespa apresentou queda frente a Payroll favorável e especulações acerca da Petrobras. A postura cautelosa do Fed na política monetária causou alta nos juros futuros locais e globais. Isso e a resiliência do mercado de trabalho americano influenciaram queda semanal de 1,02% no Ibovespa. Durante a semana, a volatilidade de PETR3 e PETR4 foi bastante elevada, com baixa influenciada por mudança no comando da estatal e recuperação parcial das perdas com a expectativa de novo pagamento de dividendos extraordinários.

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