02/02/24

Análise da Semana - 29 de Janeiro a 2 de Fevereiro de 2024

A reunião do FOMC dessa semana confirmou as expectativas do consenso do mercado anunciando a manutenção da fed fund rates em 5,25%-5,50%. O comitê reconheceu um crescimento “sólido-para-forte” durante o ano de 2023, e afirmaram que apesar de isso ser um risco para a estagnação do processo de desinflação, não é considerado um risco para uma reaceleração. Powell também confirmou o progresso da trajetória da desaceleração da inflação nos últimos seis meses. Os salários também estão evoluindo de forma favorável, ajudando a acomodar a pressão no núcleo inflacionário. Mesmo com dados positivos, o comunicado trouxe que o comitê ainda precisa de tempo e mais dados para ter confiança de que atingiram uma trajetória sustentável para a meta de inflação. Segundo Powell, a reunião de março não é a mais provável para iniciar o ciclo de cortes da taxa de juros, deixando a entender que o primeiro corte será em maio, como o consenso já previa. Por outro lado, tendo confiança na estabilidade de preços, o FOMC se mostrou inclinado a ajustar a política monetária de forma mais direta, de forma que consigam reduzir o juro real.

O Payroll de janeiro mostrou dados bastante fortes em janeiro, com criação de 353 mil vagas de trabalho nos EUA, ficando bem acima das 180 mil vagas esperadas pelo mercado no período. Segundo o relatório, houve ganhos de emprego nos serviços empresariais, cuidados de saúde, comércio varejista e assistência social. Por outro lado, a indústria de mineração e a extração de petróleo e gás tiveram uma retração no número de empregos. Ainda, a taxa de desemprego ficou estável em 3,7% pelo terceiro mês seguido e abaixo dos 3,8% esperados. O salário médio por hora dos empregados em folha de pagamento aumentou 0,6%, de forma que acumule um aumento de 4,5% nos últimos 12 meses. Esses dados levantam incertezas sobre a ideia de que o início do ciclo de corte de juros no país comece em maio.

O resultado preliminar do PIB do 4T23 na zona do euro foi acima do esperado, mostrando que o bloco econômico conseguiu evitar uma recessão. A leitura do produto foi de estabilidade, depois de um recuo de 0,1% no trimestre anterior. O mercado esperava um recuo de 0,1%, o que indicaria uma recessão técnica. Por mais que a zona do euro não tenha apresentado crescimento desde 2022, a trajetória benigna da inflação pode impulsionar uma recuperação gradual da economia durante este ano.

A temporada de resultados americana continua. Essa semana a Microsoft apresentou números referentes ao 4T23 melhores do que o mercado esperava. A receita da companhia teve um aumento de 16,7% a/a, chegando a US$ 62 bilhões contra os US$ 61,1 bilhões esperados, e o lucro líquido cresceu 33% a/a atingindo US$ 21,9 bilhões, também representando uma surpresa positiva para o mercado. De maneira geral, as principais linhas de negócio da companhia apresentaram receitas acima do esperado pelos analistas. A linha de clouding, responsável por 42% da receita, cresceu 20% a/a; a linha que contempla Microsoft Office e Linkedin, correspondente de 31% da receita, cresceu 13% a/a; e, finalmente, a linha de personal computing teve um crescimento de 19% a/a, representando 27% da receita no trimestre. A empresa continua focada em cortar gastos e anunciou um corte de cerca de 9% do quadro de funcionários em sua unidade de jogos, depois de já ter demitido 700 pessoas em outubro e 10 mil no início de 2023. P/L = 39,3x

A Alphabet teve um 4T23 melhor do que o mercado esperava na maior parte dos números. A receita da Google foi de US$ 76 bilhões, representando um crescimento de 13% a/a, e o lucro líquido teve um aumento de 52% a/a, atingindo US$ 20,7 bilhões. Abrindo as linhas de negócios, entretanto, a receita do Google Ads, que correspondeu a 76% da receita, foi um pouco abaixo das expectativas do mercado. As receitas do Google Cloud e do Youtube, ambas representando 11% da receita da companhia cada, cresceram 26% a/a e 15,5% a/a respectivamente, porém ambas também ficaram aquém do esperado pelo consenso. Por outro lado, o destaque vai para a melhora operacional e de lucratividade do segmentou de cloud computing. Além disso, a empresa destacou seus investimentos em Inteligência Artificial. P/L = 29,1x

Os números da Apple foram melhores do que o esperado pelo mercado, apesar de apresentarem algumas linhas da receita um pouco aquém das estimativas. A receita da companhia totalizou US$ 119,6 bilhões contra US$ 117,9 bilhões esperados pelos analistas, aumentou sua margem de lucro e um crescimento de 13% a/a no lucro líquido, atingindo US$ 33,9 bilhões. As vendas de iPhones, que foram responsáveis 58% da receita, foram em linha com as expectativas totalizando US$ 67,8 bilhões. O segmento de serviços, que representa cerca de 20% da receita, teve um crescimento de 11% a/a e, mesmo assim, ficou abaixo do que o mercado esperava. O segmento de Mac ficou acima do esperado, com uma recuperação após um trimestre de 34% de queda. As vendas de iPad caíram 25% a/a, o que pode estar relacionado com o fato de que a empresa não lançou nenhum modelo novo no ano pela primeira vez na história. Por fim, outros produtos como AirPods e Apple Watch tiveram uma queda de 11% a/a nas vendas. A Apple teve crescimento de vendas em todas as regiões do mundo com exceção da China, onde as vendas caíram 13% a/a e a receita 2% a/a. O CEO justificou essa queda pelo fato de haver menos semanas no último trimestre de 2023 quando comparado com o ano anterior. Isso chamou a atenção dos investidores, já que o mal desempenho no país asiático alimenta receios relativos à concorrência. P/L = 30,4x

A Amazon reportou um resultado acima das expectativas. A receita cresceu 14% a/a, totalizando US$ 170 bilhões enquanto o mercado esperava US$ 165,9 bilhões, com destaque para o aumento nas vendas de segmento internacional, O AWS, linha de clouding da companhia, teve um crescimento de 13% a/a. Além disso, o lucro da empresa atingiu US$ 10,6 bilhões, um crescimento bastante expressivo em comparação ao lucro de US$ 278 milhões no ano passado. Além disso, o fluxo de caixa operacional teve um aumento de 82% depois de políticas de controle de custos, com demissão de 27 mil funcionários ao longo de 2023. P/L = 82,8x

 Brasil

A reunião do Copom que aconteceu essa semana anunciou a decisão de um corte de 50 bps, conforme o mercado já esperava. O comunicado foi muito parecido com o da última reunião, apenas intensificando alguns adjetivos em relação a visão do cenário externo, mais especificamente, enquanto antes falavam sobre o ambiente externo menos adverso, agora o comitê já fala sobre um começo da flexibilização das políticas monetárias nas principais economias ao redor do globo. Além disso, o guidance emitido no comunicado continuou no plural, o que significa que pelo menos nas próximas duas reuniões os cortes ainda serão de 50 bps. Dessa forma, em maio nossa Selic se encontrará em 10,25%. Acreditamos que a taxa de juros até o final de 2024 atingirá 9,5%, com três cortes de 50 bps e um último de 25 bps.  

 O Brasil teve uma abertura líquida de 1,483 milhão de vagas de trabalho no ano de 2023, de acordo com o Caged. Esse resultado ficou abaixo da mediana das expectativas do consenso, que esperava uma abertura líquida de 1,538 milhão de vagas. O número foi menor do que o registrado no ano anterior, quando houve 2,013 milhão vagas abertas. No mês de dezembro, o país teve um fechamento líquido de 430 mil vagas, ficando acima do fechamento líquido esperado para o período. Por fim, o salário médio real de admissão de novos empregados apresentou um aumento anual de 2%.

A temporada de resultados no Brasil foi aberta com a divulgação do Santander. O banco apresentou um lucro líquido recorrente de R$ 2,2 bilhões no período, representando uma queda de 19,2% t/t e alta de 30,5% a/a, além de ficar 23% abaixo das projeções dos analistas. O ROE da companhia caiu 0,8 ponto percentual, ficando em 12,3%. Além disso, o índice de cobertura de inadimplência saiu de 230% para 221%, mostrando que as tendências relativas à qualidade dos ativos podem tomar mais tempo para se recuperarem do que se esperava. O ROE por sua vez está em 12,3%, representando uma queda de 0,8 ponto percentual, bem abaixo do nível pré-pandemia quando chegou a atingir 20%. P/L = 8,2x.

Mercados

Na última semana, o mercado financeiro foi marcado por importantes divulgações nos Estados Unidos e no Brasil. Os dados do payroll americano trouxeram surpresas significativas, evidenciando uma economia mais forte do que o previsto, com a criação de 353 mil vagas de emprego em janeiro, superando as expectativas de 180 mil. Esse resultado robusto, aliado a um aumento nos salários de 0,6%, o dobro do esperado, impulsionou o dólar e afetou os preços das commodities, com destaque para a queda nos contratos futuros de petróleo e ouro.

 No cenário internacional, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas, subiu 0,47% para 103,92 pontos. O petróleo Brent teve uma queda de 7,6% a US$ 77,22 por barril, o que acreditamos ser um reajuste natural de mercado, e o minério também sofreu uma correção de -4,89%. Paralelamente, os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA (T-Notes) de 10 anos aumentaram para 4%, refletindo uma reavaliação das expectativas de política monetária do Federal Reserve diante de um mercado de trabalho mais aquecido.

 No Brasil, a reação do mercado à reunião do Copom foi de otimismo moderado. Apesar da ausência de novidades no comunicado do Copom em relação à reunião de dezembro, o mercado interpretou positivamente a continuidade do processo de distensão monetária. Os juros futuros encerraram com viés de queda, refletindo as expectativas de cortes adicionais na taxa Selic. Especificamente, a taxa do contrato de Depósito Interbancário (DI) para janeiro de 2025 fechou em 9,93%, evidenciando uma leve redução em comparação ao ajuste anterior.

Com os dados de juros e emprego divulgados essa semana, o índice Ibovespa sofreu uma queda de -1,38% na semana, fechando em 127.182,25 pontos.

O destaque do noticiário corporativo essa semana fica para o possível deal entre Arezzo e Grupo Soma. As ações de ambas as empresas dispararam na quarta-feira com essa notícia, subindo 12,1% e 16,8% respectivamente. Detalhes preliminares sugerem uma divisão acionária proporcional, sem prêmio, e posições de liderança definidas para Alexandre Birman e Roberto Jatahy, além da transição da Hering para a nova holding. A combinação resultaria em uma empresa com R$ 10 bilhões em receita líquida, EBITDA de R$ 1,6 bilhão, lucro de R$ 750 milhões, 34 marcas e mais de 2.000 lojas.

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