05/04/22

Navegando num Mundo Novo Pós-Pandemia

A pandemia está conduzindo o mundo para novos caminhos. Existe muito questionamento sobre quais serão as consequências dessa mudança significativa na sociedade e quais serão as novas direções.

A Economist publicou recentemente um artigo chamado “What history tells you about post-pandemic booms”. Esse tema é bastante interessante pois não temos familiaridade com esse tipo de evento. O mercado financeiro sempre busca raciocínios paralelos para entender como o mercado irá se comportar diante de um evento mais intenso como guerras, atentados, crises econômicas, bolhas e agora uma pandemia. Um dos raciocínios iniciais do artigo é que após uma pandemia as pessoas gastam mais, tomam mais riscos e demandam mais dos políticos ou dos governos.

A pandemia da cólera em 1830 foi muito intensa na França, matando 3% da população de Paris em um mês, com os hospitais entrando em colapso e os médicos não sabendo como proceder. O fim da pandemia causou uma grande aceleração econômica com a França acompanhando a Inglaterra na Revolução Industrial. Mas como consequências negativas teve o aumento da pobreza e uma instabilidade política por vários anos subsequentes.

Atualmente, os países ricos estão muito próximos de um boom pós pandemia. Os países estão começando a reduzir as restrições relativas à movimentação das pessoas à medida que as vacinações avançam e as hospitalizações são reduzidas. As previsões são de que os EUA cresça 6% este ano, 4% acima da média pré-pandemia. Outros países europeus e o Japão também irão crescer muito acima da média. Esse crescimento forte sincronizado é um evento raro na história econômica, e não acontece desde o boom pós segunda guerra mundial em 1950.

A situação é tão pouco familiar que os economistas buscam na história eventos semelhantes. O histórico mostra que, depois de períodos de disrupção muito intensa, não causados por crises econômicas como guerras e pandemias, o PIB tende a reagir positivamente com intensidade. E pode se tirar três principais conclusões dos eventos semelhantes do passado: (i) as pessoas tenderão a gastar mais, pois pouparam durante a pandemia, mas sem excessos, porque ainda estarão cautelosas (ii) haverá um movimento de inovação na economia, pois as pessoas tenderão a buscar novas formas de fazer negócios e (iii) ocorrem agitações políticas e instabilidades em função da piora na distribuição da renda e aumento das desigualdades.

Esse movimento de inovação na economia já é bastante perceptível nos setores de e-commerce, tecnologia e nas pesquisas em relação às vacinas e medicamentos. Historiadores acreditam que a peste negra na Europa fez os europeus ficarem mais aventureiros. Entrar num navio e buscar novas terras não parecia mais tão perigoso, quando as pessoas estavam morrendo dentro de suas próprias casas. E esse ambiente de disrupção e reinvenção de negócios pode ser muito positivo para investimentos.

A pandemia causou um desequilíbrio global em vários aspectos econômicos, levando a uma maior complexidade na leitura da conjuntura e na construção de cenários. Alguns fatores e acontecimentos recentes estão impactando os mercados: (i) a crise no setor de construção na China, com os problemas em relação à Evergrande, (ii) a forte oscilação no preço das commodities, com a queda no preço do minério, e a alta no preço do petróleo, (iii) as significativas injeções fiscais realizadas pelos governos, (iv) a variante delta do covid, (v) a mudança da demanda por bens para serviços, (vi) desorganização das cadeias de suprimentos, (vii) crise no setor de energia. O mundo irá passar por um período mais volátil até uma reacomodação pós pandemia e os investimentos acompanharão essa maior instabilidade.

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