Essa semana foi marcada por uma realização significativa nas bolsas: Ibovespa -5,1%, S&P 500 -5,1% e Nasdaq -5,6%. O principal motivo para esse movimento são as altas recentes da inflação e a expectativa de uma resposta mais agressiva por parte dos bancos centrais. O mercado já começa a precificar a taxa de juros americana acima de 3%.
Finalmente, o Governo conseguiu concluir a privatização da Eletrobrás, um movimento histórico e relevante para a economia brasileira. Foi a segunda maior privatização já ocorrida no país, perdendo apenas para a da Telebrás. Com a privatização a empresa será mais eficiente e competitiva, sendo que os investimentos devem aumentar significativamente. Internamente, a estrutura muda bastante: não precisa mais fazer concurso público, não está mais sob controle do TCU e não se enquadra mais na lei das estatais. A operação de privatização movimentou R$ 33,7 bilhões, com as ações negociadas a R$ 42. Participaram da operação, tanto investidores globais, tais como GIC, de Cingapura e o canadense CPPIB, quanto assets locais como SPX, Truxt e 3G Radar. Com a venda de parte dos papéis que pertenciam ao BNDES e a diluição da participação da União, por meio da emissão de novas ações, o governo deixa de ser controlador da companhia – embora ainda detenha uma “golden share”, que lhe dá direito de veto em algumas decisões relevantes para a empresa. União e BNDES, que tinham 68,6% das ordinárias, com direito a voto, passaram a deter 36,9% do capital total. Além disso, o Governo criou mecanismos de proteção, através de “poison pills”, para evitar que um novo governo possa retomar o controle da empresa.
Nos Estados Unidos, depois de uma leve perda de força inflacionária no mês de abril, a inflação voltou a acelerar no mês de maio. O índice, CPI, ficou acima da expectativa do mercado, apresentando alta de 1,0% m/m, em contraste com a expectativa de 0,7% m/m. As suas principais altas foram nos setores de Alimentação, Veículos Usados, Vestuário e Passagens Aéreas. Nesse mês o índice de preços por lá deve continuar com leituras elevadas, principalmente por conta do aumento do preço dos combustíveis. Ademais, pelo lado da demanda, continuará tendo pressões vindas do fortalecimento do mercado de trabalho. Do lado da oferta, a desaceleração do índice deve indicar certa acomodação das pressões de custos, mesmo assim os preços devem permanecer elevados. Fora isso, vale destacar a aceleração nos preços de commodities agrícolas. Tudo isso nos leva a crer num cenário de inflação persistente, e, por isso, um fed funds rate em torno de 3% no final do ano.
Na China, com a retomada gradual das atividades em Xangai, as análises se voltam para a política de estímulos que o governo chinês deve adotar. O Banco Popular da China reduziu a taxa de empréstimos de 4,60% a.a. para 4,45%a.a., de forma mais intensa que o esperado pelo mercado como tentativa de estimular a demanda interna. Aliado a isso, a emissão de bonds para o setor ferroviário e a criação de subsídios para o desemprego e a indústria constituem um cenário de recuperação no médio prazo, porém com menor intensidade devido as contrações vistas em abril e maio.
No Brasil, o IPCA de março apresentou alta de 0,47% m/m, contra 0,60% m/m esperado pelo mercado. Essa baixa deve-se principalmente por conta do segmento de Alimentos e Bebidas, com o subgrupo de Alimentação no Domicílio contribuindo para tal, passando de 2,59% para 0,43% e também aos Alimentos in natura, que sofreram com uma deflação de -5,12%. Por outro lado, os segmentos de Serviços e Bens Industriais tiveram uma manutenção em seus níveis de preço. No curto prazo, o fortalecimento do mercado de trabalho deve resultar em novas pressões inflacionárias, entretanto, existem projetos em andamento com objetivo de reduzir os preços dos combustíveis que devem impactar a inflação no sentido oposto até o final do ano.
O Varejo Restrito teve um avanço de 0,9% m/m no mês de abril, ante uma expectativa alta de 0,3% m/m. A melhora na renda decorrente da introdução do Auxílio Brasil e o aumento de mobilidade social impulsionaram avanços nos setores de Móveis e Eletrodomésticos e Vestuário, contribuindo para esse avanço no varejo restrito. O varejo ampliado também teve uma leitura positiva de 0,7% m/m, em linha com o esperado, enquanto em março esse indicador foi de 0,1% m/m. Dessa forma, o carrego para o 2T22 ficou em 2,3% para o restrito e 1,7% para o ampliado. Para os próximos meses acreditamos que há espaço para continuidade do avanço do setor por conta dos atuais estímulos fiscais e pela melhora do mercado de trabalho, que consequentemente melhora o rendimento real. Já para o segundo semestre, o setor pode ser prejudicado por conta da alta inflação acompanhada por políticas monetárias contracionistas, além do endividamento das famílias estarem em um patamar elevado.
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