Os mercados globais têm sido pressionados por vários fatores em 2022, mas a grande questão é sobre o nível final da taxa de juros desse ciclo, iniciado recentemente nos EUA. O FED tem sinalizado que o ciclo deve terminar em 3,5%, mas os investidores têm dúvidas se esse ciclo não pode ir além, pois a inflação nos EUA está em níveis bem elevados, acima de 9%. Essa inflação tem sido mais intensa e resiliente do que o estimado pelo mercado. O FED vai ter que dosar o ajuste monetário para trazer os preços da economia para níveis mais comportados, sem provocar uma deterioração muito grande na economia. A taxa de juros americana e as condições financeiras são os principais pontos para entender a intensidade da desaceleração global.
A China também vem sendo um ponto de preocupação, mas as perspectivas estão mudando para o lado positivo. Aparentemente a economia chinesa fez fundo no segundo trimestre, porém a recuperação vem acompanhada com riscos no setor imobiliário. Embora o problema de Covid continue vigente, o nível de novos casos continua bem mais baixo do que o pico de março e abril – o que limita os efeitos dos lockdowns para o consumo doméstico. Os problemas com pagamentos de hipotecas por parte dos compradores têm pressionado os balanços das construtoras, o que pode levar o governo chinês a interferir, emprestando dinheiro para as empresas com problemas.
No Brasil a grande questão tem sido a eleição. Os outros pontos estão relativamente definidos. Estima-se que os juros devem terminar o ciclo de alta por volta de 14% a.a. e que o PIB de 2023 sofra uma desaceleração, ficando em torno de +0,5%. Entendemos que se o presidente eleito mantiver um compromisso de responsabilidade fiscal para o futuro, a bolsa brasileira deve reagir positivamente, pois algumas ações estão negociando a preços bastante atrativos. A discussão sobre o futuro da âncora fiscal brasileira – o teto dos gastos – ganhará intensidade até a eleição, sobretudo com propostas de flexibilização marginal da regra.
Do ponto de vista da alocação de investimentos, continuamos mantendo uma postura mais conservadora, concentrando os recursos taticamente em renda fixa no Brasil, principalmente em títulos isentos de IR. Existem boas oportunidades na bolsa brasileira e nos fundos imobiliários, mas as posições devem ser construídas gradativamente e com cuidado, pois as eleições podem aumentar bastante a volatilidade dos ativos reais. Consideramos os fundos multimercados como uma boa opção de melhorar a rentabilidade das carteiras através de produtos com volatilidade controlada. Em relação aos ativos globais estamos com uma visão mais negativa em função do início do ciclo de alta de juros nos EUA, as indefinições sobre a taxa de juros no final desse ciclo e a desaceleração da economia global. Ainda estamos num momento de cautela em relação aos investimentos.
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